quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A História do Pici

Leonardo Sampaio

Esta área fica localizada na Região Oeste da Cidade de Fortaleza, era constituída por Sítios, entre eles se destacavam o Sítio Pici, Sítio Ipanema, Sítio do Papai e o Terreno das Irmãs do Asilo de Parangaba e Base Aérea dos Americanos.
Na década dos anos 40, período da Segunda Guerra Mundial os Americanos escolheram esta área para instalarem um Posto de Comando e construíram um Aeroporto com toda estrutura preparada para guerra. Daqui saiam os aviões para bombardearem os Países não aliados, havia também uma torre para pouso dos Zepelim.
Na década de 50, foi feito o Loteamento das terras onde se localizavam os Sítios. Os americanos haviam se retirado e as terras da Base ficaram sobre a vigilância da Aeronáutica. Em 1958 algumas famílias ocuparam os “paióis” ou casamatas local onde eram camufladas as munições do Exercito Americano.
Surgem nessa época os Bairros Pan Americano, Pici, Ipanema, Antônio Bezerra e Casa Popular, que foi o primeiro conjunto habitacional construído em Fortaleza, hoje é o Bairro Henrique Jorge.
O único caminho que interligava esses bairros era a Estrada do Antônio Bezerra, devido a passagem de gado que vinha da Região Norte para o Matadouro de Gado de Fortaleza que ficava no Montese onde hoje se localizam os Colégio Paulo VI e Filgueiras Lima. Com o crescimento do Montese, o Matadouro passou para Parangaba e cria-se a Estrada do Pici.
Devido a essa ligação com os matadouros esta Região da cidade se tornou produtora de pequenos animais de corte e vacarias com produção de Leite. O gado era solto na Base Velha devido a pastagem.
No início dos anos 60, os lotes começam a ser ocupados pelos seus compradores, os galpões da Base dos Americanos, passaram a servir de residências dos funcionários civis da Aeronáutica, o DNOCS construiu uma oficina de manutenção e passou a administrar o Terreno da Base Velha. Surge nessa época a Vila do Dnocs, em galpões e terrenos da Base, ocupados por funcionários, forma-se a favela do Papoco, no Pan-Am,ericano, Constrói-se o Jóquei Clube, o Campo do Fortaleza e a Sede Social do Time.
Enquanto isso a Santa Casa de Misericórdia loteou as terras onde as Irmãs de Caridade do Asilo de Parangaba utilizavam como lugar de terapia para os doentes mentais que vinham do interior e suas famílias não mais os procuravam.
Esse terreno foi transformado em loteamento Parque São Vicente que fica estremando com a Base Aérea dos Americanos e a Estrada do Gado, que hoje correspondem às ruas Matos Dourado, Franco Rocha e Av. Carneiro de Mendonça.
Nesta época a família Tributino, chefiada por Seu Manoel, D. Branca e Beijinho, que vieram de Iguatu-Ce, se instalam num galpão da REFFSA no KM 8 (Couto Fernandes) e posteriormente alugaram casas no bairro Pan Americano e Parangaba, como não conseguiam trabalho para manter a família e o aluguel, buscaram ajuda das Irmãs de Caridade do Asilo de Parangaba e neste contato pediram um terreno para morar. A irmã Maria Teresa, indicou o terreno da Prefeitura no loteamento Parque São Vicente, que pertencia a Santa Casa de Misericórdia.
Esses dentro do loteamento. Começou terrenos eram exatamente os leitos das Ruas, assim, em 1962 a ocupação dessas terras por esta família que ficou popularmente conhecida como FAVELA DA FUMAÇA, esse nome surgiu devido a um dos ocupantesque fazia fogo de noite e reunia os amigos em torno da clarão, a fumaça do fogo se espalhava e o delegado identificava a localidade por Fumaça, hoje, é a Rua Noel Rosa, onde fica localizado o Espaço Cultural da Comunidade Frei Tito de Alencar.
Nessa época havia um Corretor de imóvel por nome Feijão, que vendia os lotes e criava conflitos com os ocupantes. Onde ele morava houve também uma ocupação e ficou conhecida como FAVELA DO FEIJÃO, hoje Rua Guimarães Passos.
Na década de 70, começa a construção do Centro Social Urbano César Cals no local onde as terras também já estavam ocupadas, era a FAVELA DO INFERNINHO, uma extensão da Fumaça separada apenas pelo Sítio do Seu Pedro. Durante a construção do CSU surgiram algumas barracas de pessoas que vendiam alimentos para os operários, esses barraqueiros despertaram para ocuparem um terreno próximo, onde ficava a área destinada a uma praça dentro do Loteamento Parque São Vicente.
Na entrada da Rua Principal da ocupação um morador colocou na parede da casa uma imagem de São Jorge e daí a ocupação passou a ser conhecida como FAVELA DA ENTRADA DA LUA.
Na década de 80 é ocupado mais um terreno, que logo foi dado o nome FAVELA TANCREDO NEVES por ter sido logo após a sua morte.
Na década de 90, todas as terras ainda ociosas foram ocupadas e as famílias retiradas com mandatos Judiciais. Uma dessas terras houve insistência com várias ocupações no mesmo terreno até conseguir permanecer nele, hoje é a FAVELA FUTURO MELHOR ao lado da Escola Júlia Giffone.
As terras da Base Velha do Pici, como ficou popularmente conhecida, teve varias fases de ocupação, além dos paióis e galpões ocupados, um deles ficou para a Igreja, as pistas de pouso na década de 60 serviam como Autodromo para corridas de Carros. Onde fica a rua dos Monarcas, tinha páreos de cavalos.
Com a saída das corridas de carros e de cavalos a área ficou servindo para “desova”, onde vários corpos de pessoas eram encontrados crivados de bala. Na década de 80, foi desmatada e transformada em campos de Futebol, por times suburbanos, que passaram a se organizar em Ligas Esportivas. Já a UFC cercou outra parte, onde fica localizado o Campus do Pici.
Em outubro de 1990, diante da grande crise habitacional em Fortaleza a população começou a ocupar essas terras dos Campos de Futebol e agora em 1998, já tem cerca de 6 mil casas com 30 mil habitantes. As organizações comunitárias da Região garantiram do Governo a urbanização.
Nesta mesma década o PRORENDA da início as atividades de Urbanização da Área denominada pelo projeto de Lua/Fumaça.
A principal atividade econômico e de geração de emprego, hoje no Grande Pici são as Industria de Confecções.

Leonardo F. Sampaio é Educador e Pesquisador Popular, Membro da Comunidades Eclesiais e Base – CEBs e articulador dos Movimentos Populares e Políticos.

11 comentários:

Anônimo disse...

Caro Leonardo:
Muito interessante sua página sobre o Pici. Sou pesquisador da segunda guerra e acabei de lançar um site sobre as bases americanas no Brasil. Gostaria de saber se o Sr teria condições de me indicar onde conseguir fotos do PICI durante a guerra ou fotos dos blimps da US Navy, dos navios americanos no porto ou seja do movimento militar em Fortaleza.
Fico muito grato pela sua ajuda.

Obrigado
Ozires Moraes

Anônimo disse...

Meu email para contato é : sixtant2@hotmail.com


Obrigado
Ozires Moraes

Anônimo disse...

Nobre Ozires Morais: Hoje 1° de Abril de 2008, Eu não vou nem mentir! - Gostaria mesmo de ter fotografado mesmo em preto & branco; as coisas que vi na ex-base do Pici...
Dói por não ter tido na oportunidade a condição de registrar tudo que eu guardo na pasta de minhas memórias.
Mas se você tiver alguma idéia, Faça uma pergunta de cada vez e eu faço um retrato falado.
Um Grande Abraço desde o Paraíso de Jericoacoara.

Anônimo disse...

Caro amigo Leonardo Furtado:
Em 1950, ano em que eu nasci! - A cidade de Fortaleza ainda não tinha cais portuário, mas já tinha dois aeroportos graças ao progresso trazido pelas dores da segunda grande Guerra Mundial.

Foram construídos a BAFZ (Base Aérea de Fortaleza) e o PICI sigla do (Posto de Comando) Americano em parceria com a aliança para o progresso do Brasil e dos Estados Unidos .

Em 1939 uma construtora asfáltica Norte Americana veio a Fortaleza com a missão de edificar as duas bases!

A BAFZ substituiu o antigo campo de aviação militar do exercito brasileiro no Cocorote, criado em 1936 com aviões biplanadores.
Hoje em dia está acoplado o aeroporto internacional civil, Pinto Martins.

O Ministério da Aeronáutica foi Criado em 1941 sob o governo do saudoso presidente Getúlio Vargas.
Em 1942 com a chegada de 20 aeronaves em Fortaleza o Brasil inaugurou a sua 5ª Base Aérea com 12 caças, 2 douglas, 6 mitchell para formação provisória no trinamento do pessoal da FAB.

Quanto a Base do nosso velho Pici! - Você esquceu de muita coísa meu caro amigo de velhos tempos...

Você lembra daquelas coisas que os americanos deixaram enterraram de baixo do chão?
Lembra da estação de rádio da Panér?
E o farol de indicação?

Você lemrou o paiol de munição?

-Rapaz, cadê o Birajara, o Fenelon?
A mãezinha, a Lili lembra?

Eu não vejo mais o corêto do Joquei Clube, palco que os americanos deixaram pra Nos?

Lembra da rua do Papôco?

Hó meu! - Tu tem que melhorar o resgate da passagem da saudosa Raquel de Quiroz no Sítio Pici! - Ela se imortalizou cara. Tu esqueceu o que o Círo Gomes fez contigo?
Nobre, tudo não passa de uma bricadeira, eu saí do distrito da Grande Parangaba por sentir-me demais, meio à esta super população e fujo da poluição.

Um abraço do amigo: Claudio Lima da antiga Avenida da Liberdade, a primeira via asfautada em Fortaleza que os americanos ligaram as duas Bases.
A primeira edição deste comentário, caiu salvo noutra página do seu perfil ontem:
31 de Março de 2008 20:22

Anônimo disse...

ola caro amigo leonardo, tenho que fazer esse ano uma mobilização cultural no bairro do henrique jorge e preciso muito de sua ajuda meu fone e 86806979 meu mail assishelder@yahoo.com.br,vc tem mais um guerreiro meu amigo.

Anônimo disse...

ola caro amigo leonardo, tenho que fazer esse ano uma mobilização cultural no bairro do henrique jorge e preciso muito de sua ajuda meu fone e 86806979 meu mail assishelder@yahoo.com.br,vc tem mais um guerreiro meu amigo.

Anônimo disse...

Caro Leonardo, atualmente estou fazendo um levatamento bibliográfico sobre o Bairro Henrique Jorge para a minha monografia, sou aluno de Geografia da UECE e gostaria de saber se o senhor poderia me ajudar com indicações de fonte de pesquisa que venha me ajudar na elaboração do meu trabalho, obrigado desde já!

meu e-mail: joaoflit@yahoo.com.br

Meu nome: João Vitor

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

ola leonardo sampaio.
sou morador do henrique jorge e estudante de geografia na UECE, estou pesquisando sobre a presença de vacarias no bairro, gostaria de saber se voce porventura teria mais informacoes sobre este assunto, ou mesmo como e onde poderia encontrar.
meu contato é ageugrafia@gmail.com.
agradeco e aguardo.

Unknown disse...

Caso queiram ver algumas fotos antigas do pici... o blog fortalezanobre
Ha algumas fotos la.

Josiel vidal

Leonardo Sampaio disse...

Em outro artigo sobre a Casa Rachel de Queiroz no Sítio Pici, faço uma correção histórica sobre a origem do nome Pici, que não vem de Posto de Comando, pois Daniel de Queiroz comprou o Sítio Pici em 1927, bem anterior a Base Aérea dos Americanos.
Esse nome Pici vem desde 1909, em homenagem aos personagens Pery e Ceci do livro o Guarani de José de Alencar, de Pece popularizou-se como Pici.