sábado, 2 de junho de 2018

Pobre não pode ter voz

Leonardo Sampaio

Pobre não pode ter voz

Essa é a determinação
Que a burguesia criou
E não aceitam a ascensão
De família produtora
Da classe trabalhadora
Pra uma melhor posição.

Quem quis ser a voz dos pobres
Foram presos ou eliminados
Assim foi com Jesus Cristo
E profetas alinhados
Com voz de libertação
E Deus como salvação
São logo assassinados.

Luther King, Gandhi e Mandela
Sofreram perseguição
Eram pacificadores
E passaram por prisão
Por defender igualdade
E também a liberdade
De toda população.

Chico Mendes e Dorothy
Mais Antônio Conselheiro
Zumbi e José Lourenço
E mais outros companheiros
Que confiavam no divino
Tiveram o mesmo destino
Matados pelos grileiros.

No campo e na cidade
Santo Dias e Margarida
Ambos eram sindicalistas
Lideranças aguerridas
Operário e camponesa
Sem direito a defesa
Foi ceifada às suas vidas.

Nem mesmo religiosos
Escaparam da maldade
Filomena e Ezequiel
Foram mortos com crueldade
Fuzilados pelos nobres
Por defenderem os pobres
O evangelho e a liberdade.

Nem mesmo o Chico Mendes
Defendendo a floresta
E contra o desmatamento
Levando a vida honesta
E a família com decência
Não escapou da violência
Da burguesia indigesta.

Mataram a Marielle
Levaram Lula à prisão
Pra calar a voz do povo
Mas eles ressurgirão
No seio da luta de classe
Pois mais liderança nasce
E suas vozes não calarão.

A maldade patronal
Não aceita braços erguidos
Nem os direitos humanos
São mortos ou demitidos
Somente o lucro que vale
Nem mesmo amor equivale
E os Seres são destruídos.

A classe alta e classe média
Odeiam a classe pobre
É a eterna luta de classes
A do nobre contra o pobre,
Que é sempre desigual
Chega até ser imoral
Só que o pobre, não descobre.

Os crimes de lideranças
E  toda perseguição
Vem da classe burguesa
Com ódio e destruição
Exigem que a língua dobre
Pra calar a voz do pobre
Sem dó nem compaixão.

Toda a classe dominante
Ama somente o dinheiro
O adoram como seus deuses
Todo o resto é lixeiro
A mente fica tapada
A vida não vale nada
Por ser interesseiro.

Fazem guerras pelo mundo
Implantam as ditaduras
Destroem os patrimônios
E fazem muitas agruras
Não respeitam as nações
Eliminam populações
E praticam as torturas.

Pra falar em voz do povo
Isso não é permitido
No mundo capitalista
E quem ousar é atrevido
Não tem pra onde correr
Vai ser preso ou morrer
Ou viverá perseguido.

Em qualquer lugar do mundo
A farsa é sempre posta
Não aceitam o bem viver
Viver bem é o que ele gosta
Pensando apenas  em si
Nem pra mim e nem pra ti
Somente o que ele aposta.

Sendo povos ameríndios
Cigano e quilombola
Camponês ou ribeirinho
Tem que viver de esmola
É o rico quem determina
Até impõe como sina
O pobre viver na sola.

Não tem deuses que dê jeito
Ao poder do capital
À ganância e o egoísmo
Que vivem fazendo o mau
Maltratando a pobreza
Concentrando a riqueza
Em um mundo desigual.

O mundo que é pra todos
Não tem em seus dicionários
Muito menos em sua bíblia
São outros vocabulários
Eu mais eu e eu sozinho
Não enxergam o vizinho
Todos outros são otários.

A filosofia burguesa
É a do individualismo
Quem for pobre que se lasque
O interesse é o consumismo
O mercado e a riqueza
Ter o mundo da nobreza
Vivida pelo fascismo.

O que chamam de riquezas
São produtos estocados
Os mercados financeiros
Dinheiros acumulados
Patrimônios materiais
As heranças patriarcais
Os minérios e os mercados.

As suas metodologias
Partem da exploração
Com mão de obra barata
Trabalho com exaustão
Negam direitos humano
Quem gritar entra no cano
Não têm dó nem compaixão.

Os valores que conhecem
São apenas os do dinheiro
Não existe respeito à vida
Porque o lucro vem primeiro
Apenas pra o seu reduto
E o Ser humano é produto
E objeto do Usineiro.

Não tem solidariedade
E nem Deus no coração
Valores humanitários
São discursos ou sermão
E somente quem triunfa
É quem tiver a mufunfa
Ou morre na solidão.

Quando vieram pro Brasil
O Indígena era animal
Não trataram como gente
Açoitavam-nos de pau
Porque não sendo cristão
Os chamavam de pagão
E bichos brutos do mau.

Faziam até extermínio
Se não aceitar ser escravo
Sendo pagão não tem alma
Se matar pode ser salvo
Foi assim na ameríndia
Mataram índio e índia
E tratados como bravo.

Passar no fundo da agulha
É mais fácil pro Camelo
Do que o rico entrar no céu
Na bíblia não tem apelo
Com toda riqueza do nobre
E tá explorando pobre
Só rezar é enxugar gelo.

Foi Jesus de Nazaré
Que fez o pronunciamento
Quem ler Bíblia sabe disso
Que pra ir pro firmamento
Tem que ter bom coração
Tratar todos como irmãos
Até chegar seu momento.

Mas cada um cria seu deus
Para adorar como quiser
Esse foi deus que me deu
E os outros só se poder
Cria um Jesus particular
Fiel ao que lhes agradar
Pra fazer o que ele quer.

Se dizem iluminados
Fazem leis só pra elite
O poder é pra negócio
Aonde o dinheiro transite
Saúde da população
E também a educação
Eles impõem o limite.

Nem greve resolve mais
Vejam os caminhoneiros
Pararam todo o Brasil
Mostraram aos brasileiros
Força e categoria
Só ganharam mixaria
Mesmo com os petroleiros.

Eles têm justiça injusta
E usam o judiciário
Para fazer injustiça
Com leis de inventário
Contra os necessitados
Que trabalham por trocados
Pois, a greve foi o senário.

Acenam todos poderes
Imprimem a repressão
Que o Estado oferece
Destroem a organização
Da classe trabalhadora
Com a máquina opressora
Da tortura e da prisão.

Assim foi com petroleiros
Que tentaram ajudar
A justiça lançou a multa
Para a greve intimidar
Derrubaram o ministro
Um sujeito bem sinistro
Mas tiveram que parar.

O sistema econômico
É que precisa mudar
Para que a pessoa humana
Esteja em primeiro lugar
Com vida emancipada
E a família preparada
Pra o bem viver conquistar.

Aqui não é julgamento
É apenas constatação
Como é a humanidade
Uns vivem da exploração
Outros vivem explorados
Na pobreza e humilhados
E Jesus na contramão.

Abril de 2018