quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A policia é despreparada?

A polícia está despreparada.
Essa frase ouvi de um militante social, no episódio que envolveu o Movimento dos Sem Terra (MST) e a Polícia Militar em frente ao DNOCS dia 2/10/2007. Na ocasião fiz uma observação, afirmando que a polícia está preparada sim, ela está preparada para aproveitar essas oportunidades e descarregar o ódio que tem do MST, dos direitos humanos, do estatuto da criança e do adolescente. Está preparada sim, porque esse tipo de tortura em via pública praticado por esses indivíduos fardados como aconteceu na manifestação do MST contra trabalhadores e trabalhadoras não é difícil de se ver nos bairros de Fortaleza. Lá nos bairros essa violência policial é carregada de discriminação e preconceito racista, estes mesmos policiais que estavam com essa violência apontando arma para cidadãos e cidadãs ao verem jovens negros na rua, já são suspeitos e partem pra cima com arrogância, mandando levantar os braços, dando busca de arma, chutando como se fossem cachorros, humilhando-os e chamando-os de vagabundos, como aconteceu com dois arte educadores do Espaço Cultural Frei Tito de Alencar (ESCUTA), que é uma entidade que trabalha bem na linha do MST, elevando a auto-estima, a formação cidadã, a educação popular, construindo consciência crítica, para que as pessoas passem a ser cidadãos e cidadãs protagonistas da sua história, exigindo dos poderes públicos, os direitos constituídos e assegurados nas leis, inclusive segurança.
Como Educador Popular, pedagogo e militante sócio-político-pedagógico que tem como missão uma ação dialógica para a libertação do ser humano, tirando-o da ignorância, da escravidão, da dependência, da submissão, da passividade e ampliando a consciência e a criatividade, estou sempre ouvindo os reclamos da população a cerca dessa violência policial. Recentemente foi presenciado uma jovem grávida sendo surrada no meio da rua por policiais da viatura, no dia seguinte um jovem estava com o braço na tipóia de levar porrada de cassetete, outro foi algemado por policial militar e posto na via pública para ser espancado pela população porque havia tentado assaltar um policial civil, uma educadora chega e diz: “foi chibata demais da policia nos meninos viciados”, depois vem mais uma notícia os policiais “pegaram o traficante levaram o dinheiro dele e soltaram logo em seguida, coitados, tão tudo lascado, endividados e os policiais cheio de dinheiro.
Terrível é o que se vê do comportamento de policial marginal, pois um desses da policial militar foi assassinado e tratado como herói pelo comando e a mídia, enquanto que ele tinha uma pratica de botar revolver na boca das pessoas, dar coronhada na cabeça, atirar no meio da rua, espancar a amante e fazer acerto com “bandidos”. São esses heróis que a população silenciosamente festeja o seu fim. São tantos os casos sabidos de crimes policiais nessa escuta, que vão desde assassinatos, a cobertura de assaltos, a abastecimento de boca de drogas, a apropriação dos produtos de roubo.
Será difícil conter a violência policial, porque estes policiais criminosos não aceitam serem monitorados e o governo hoje, tenta acertar em relação à segurança, mas a corporação policial é bichada de bandidos e é corporativista, basta olhar para o bairro onde eles também moram ou freqüentam, é fácil a população saber quem são os policiais envolvidos com traficantes, assaltantes, viciados, estelionatários, lanceiros, ao mesmo tempo, essa comunidade também conhece os excelentes policiais que moram no bairro e tem uma boa convivência com a vizinhança, mais estes também têm problemas, é que estes bons profissionais, também presenciam as arbitrariedades dos maus policiais e ficam calados, porque tem medo, sabem que é uma máfia organizada dentro da corporação e quem tentar denunciar, morre da mesma forma que morre o cidadão/ã civil.
Essa insegurança que a segurança deixa no bairro, é extremamente grave, porque o uso do craque por parte da juventude é tão exorbitante que parece que eles não têm mais miolos na cabeça, o juízo sumiu e estão se matando entre eles, já foram 20 em apenas 120 dias. O comentário é que, os crimes são por causa da divida com os traficantes maiores. É também grande a quantidade de cédulas falsas de R$ 50 reais circulando nestes bairros, só quem diz que não sabe quem distribui é a polícia e a população que sabiamente silencia.
Quero externar nossa solidariedade ao MST e as famílias vítimas desse desgoverno policial. Biblicamente quero dizer: “se eu me calar as pedras falarão” e minha fé é pra arremessar montanhas contra qualquer forma de injustiça.
O trabalho do educador popular é na verdade uma proposta mais humana, a de criar o poder do saber, um homem libertado e livre, é ser profético, denunciante e anunciante por tanto, o sujeito que incomoda a prepotência e a arrogância de quem não consegue conviver com a democracia participativa.
Medo, medo de que? Se for da morte, não seria cristão. Até porque, também já fui vítima de tiro. Tenho uma bala encravada no corpo porque defendi as famílias de 24 jovens assassinados por policiais e jogados os corpos na antiga Base Velha do Pici em 1986, quando fui Diretor do CSU César Cals.


Leonardo Sampaio
Educador Popular

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