quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

POPORRI DE POESIAS






Deus ecológico

Foi Deus!
Blasfêmia da fome,
Miséria e morte,
Ser sem nome,
Asfixiado sem verde;
Queimado do sol
E o seco torrão.
Alagado com fome,
Deserdado do chão.

Migrante sem vez
No sul ou no norte,
Arrancado a raiz,
Do folclore, a cultura
Em busca de abrigo
E salário pro pão,
Inchando as cidades
Esvaziando o sertão.

Deus pai!
Filhos sem herança,
Tirado o sangue, da terra e fumaça.
Latifundio, industria,
Capital, lucro e opressão.
Criador do universo,
Proprietário de tudo,
Onde poucos com muito
E muitos sem nada.


Leonardo Furtado Sampaio
21-05-1985.


O mar

Sentado em suas areias
Contemplando a imensidão
Quero ver as sereias
Vivendo este clarão.

As suas ondas são bravas
Sustentam até tubarão
Nem é com gritos, ou palavras
Que irá nos dar atenção.

São verdes as suas águas,
São azuis, vermelha ou gelada,
E sobre elas vivem as águias,
Pescando a peixarada.

Leonardo Furtado Sampaio


Minha mãe

Oh! mãe!
Quanto é belo falar esse nome.
Não resisto neste dia, oh mamãe!
Um minuto sem você.
Segundo Domingo de maio,
Sinto saudades quando distante,
Mas sinto alegria, por saber que você existe.
Minha alegria seria maior
Se não deixasse de existir.
Porém,
Você existe mamãe!
Você existe porque tiveste uma mãe,
E sem mãe, não seriamos ninguém.
Distante de você, pelo espaço geográfico que nos separa,
Sinto a falta dos seus carinhos,
Mas sei que você existe.
Porque sinto a sua presença,
Em meu peito, no fundo do coração,
E você é como um pomar,
Que muitos frutos e flores criastes.
E hoje,
Conservas nas suas orações.

Leonardo Furtado Sampaio



Menina ( Jucineide )

Tão meiga e tão pequena
É a própria natureza
Firme e com tanta beleza
É uma boneca menina.

A nada ela teme
O seu mundo é liberdade
Nunca soube o que é verdade
Só corre, pula e sente fome.

Leonardo Furtado Sampaio


Criança ( Maninha )

Sente dores e chora,
Sente fome e chora,
Se nada lhe acontece, dorme.
Mas não fala.
É tão pequena,
Um só punho é suficiente para lhes segurar
Deitada sobre ele.
Quero que cresças para falar comigo,
Sentir o meu abraço, correr, pular, sorrir,
Ser livre.
Eu quero ser livre como você,
Ser criança, cair na areia,
Me sujar de mel.
Ficar num jardim cheirando as flores.
Dar-lhes alegria, amor, prazer, carinho.
E tudo mais que há de belo na natureza.

Leonardo Furtado Sampaio

Destruição

Que imenso azul no alto!
Oh céu!
Que tantas belezas nos mostra,
Onde nuvens se agrupam, embelezando-te.
Oh nuvens!
Que tantas águas possui,
Derrama-as nos torrões secos do nosso sertão,
Fazei que os rios se encham,
Os lagos e açudes transbordem,
O verde se alastre,
Nestas terras de povo tão sofrido.
Oh céu!
Iluminai o nosso mundo,
Tu que possui tantas estrelas,,
Que possui um rei que ilumina nossos dias,
Que possui uma rainha das noites claras,
Iluminai oh céu!
As cabeças destes homens,
Que tanto os destroi,
Mostra-lhes os seus erros,
Castiga-os se preciso for,
Para que assim posemos apreciar-lhes
Até o infinito.

Leonardo Furtado Sampaio

Coração adubado

Nos jardins nascem as flores
Nas flores nasce o aroma
Também nasce o amor
Como o aroma e as flores.

Nos jardins está a beleza
Ela chama-se rosa
A rosa do meu jardim
É bonita bela e cheirosa.

Meu coração é um canteiro
Onde semeio sementes
Pra ver se assim
Nasce um belo jasmim.

O jasmim que nascer
É em um coração adubado
Água nele não falta
Conservarei com cuidado.

Muitas rosas que ter
A todas quero amar
Amo rosa vermelha
Assim, como todo pomar.

São irmãs por natureza
Do mesmo adubo vão se alimentar
Todas tem o aroma e a beleza
Que nelas necessitar.

Leonardo Furtado Sampaio


Mulher bonita

Com rima eu falo nela
Sem rima eu vou falar
A mulher quando é bonita
Faz o homem se encantar.

Quando a mulher é bonita
Não precisa se pintar
Ela já nasce perfeita
Dos pés até o olhar.

Leonardo Furtado Sampaio


Morena cor de canela

Morena cor de canela
Cintura de violão
Oh! que morena bela
Que reina em meu coração.

São lindos teus pretos olhos
Maravilhosos são os teus lábios
E os teus belos cabelos longos
Me entrelaçam entre os sábios.

A tua face é meiga
Sereno é o teu andar
A tua voz é mansa
Sincero é o teu olhar.

Esse teu corpo belo
Me acendo muito desejo
Um assedio, um fogo louco
Uma ânsia, de um grande beijo.

Isso me deixa feliz,
Com a esperança de um dia
Morar em teu coração,
Vivendo para sempre com alegria.

Leonardo Furtado Sampaio








Parabéns! Parabéns! ( á Rita )

Pelas frases deste cartão
Dedico a minha amizade
Elas saem do coração
Com bastante afinidade
São pobres em expressão
Não sei irás gostar
Mas te peço perdão
Se a brincadeira não agradar.
Este poema é um símbolo
Do teu aniversário
Com sabor de bolo
E um cantar de canário.
Lembrarás teus quinze anos
Onde deixas a adolescência
E passa a ser moça
Com beleza e elegância
E é com muita fidelidade
Que te dou meus parabéns
E desejo-lhe felicidade.


Leonardo Furtado Sampaio

Quinze anos

Guardas contigo
No fundo do coração
O que te dou como amigo
E com grande satisfação

É um pequeno presente
Mas te dou com alegria
E fico muito contente
Ao ver este belo dia.

Comemoras quinze anos
Esse é o nosso diário
Se prolongam por mais anos
O teu grande aniversário.

Deixaste de ser criança
Passaste à adolescência
Agora já eis uma moça
Com bastante eficiência.


Leonardo Furtado Sampaio


Mulher infiel

Mulher falsa ao marido
Que a ele não considera
Vai sofre na eternidade
Os horrores da miséria
Ficando escravizada
Pelos anjos da besta fera.

Leonardo Furtado Sampaio


Homem infiel

O homem depravado
Que deixa sua mulher
Com os filhos passando fome
E dá a outro qualquer
Sua escritura está feita
No livro de Lucifer.

Leonardo Furtado Sampaio

O Sertanejo

O homem do sertão
Que vive na agricultura
Anda sempre com atenção
Mas não tem uma leitura.

A sua vida é na roça
Plantando milho e feijão
Trabalhando com muita raça,
Pra sustentar a nação.

O seu milho com feijão
Na sua roça é sem valor
Não tem quem der atenção
A esse grande sofredor.

Sua cultura é matuta,
Mas tem grande aceitação,
Com ele ninguém disputa,
Porque só faz com perfeição.

O homem sertanejo
O sangue ferve nas veias
Com ele há muito desejo
De cultivar as areias.

O seu sangue é de caboclo
Homem bravo do sertão
Monta cavalo ainda poldro,
Pra pegar boi barbatão.

Logo sedo pega a enxada
A foice ou o machado
A roçadeira, ou facão
Segue em ruma ao roçado
Pra cuidar da plantação.

Mas com toda sua garra
Vê na pela a sua sina
Os filhos abandonados
Sem escola, nem medicina
Neste mundo são jogados.

Forçados fogem do campo
Indo para a cidade,
Levados para o abismo
Enfrentam toda maldade
Desse cruel capitalismo.

Leonardo Furtado Sampaio


O escravo e o operário

Jesus veio ao mundo
Aos pobres ele escolheu
Pregando paz e justiça
No reino que ainda é seu.

Aos pobres ele pregou
E o rico enfureceu
Assim revolucionou
O reino que ainda é seu.

De sua terra foi expulso
Peregrinando ele viveu
Perseguido pelos poderosos
No reino que ainda é seu.

Pelos pobres ele lutou
Crucificado até morreu
Prometestes que voltava
Pro reino que ainda é seu

Com a teologia da libertação
No meio dos filhos seus,
Sinto a sua volta
No reino que ainda é seu.

Agora enfrenta as classes
De ricos e fariseus
De pobres e miseráveis
No reino que ainda é seu.

Os ricos são os exploradores
Que chupam o sangue do filho teu
Faz pobre passar fome
No reino que ainda é seu.

Escravo tem nova patente,
Operário é o nome que deu,
Mas continua injustiçado,
No reino que ainda é seu.

O chicote que hoje surra operário,
São as leis, que o homem concedeu,
Tirando a dignidade humana,
No reino que ainda é seu.

As guerras não se acabam,
E nelas, o pobre sempre sofreu
Vivendo perseguidos por governo canalha
No reino que ainda é seu.

Os pobres ainda hoje,
Sofrem o que Jesus sofreu,
Vivem crucificados,
No reino que ainda é seu.

Leonardo Furtado Sampaio

Deserdados do chão

Somos bravos,
Somos fortes guerreiros,
Somos os galos,
Que cantam nos terreiros,
Somos rei,
Somos heróis,
Que a tudo constrói
Neste mundo de belezas
Assim como também destrói
A nossa rica natureza,
É o mundo em que o rico,
Passa como nobre,
E o pobre vivendo mais pobre,
Num mundo de pretos e brancos,
Em que o preto derrama os prantos,
E o capital é a lei mais forte,
Do sul ao norte,
Onde os guerreiros e heróis,
Viram bravos sem história,
Apenas o que é guardado na memória
Deserdados do chão,
Sem torrão, nem pão
Na terra passando fome
Sem cultura nem nome,
No campo e na cidade
Buscando a felicidade
Alimentando-se da fé
Em São Francisco de Canindé.

Leonardo Furtado Sampaio


A serra e o índio
Caminhando pela terra
Apreciando a beleza,
Das lindas montanhas de serra,
Formadas pelas rochas,
Com toda a natureza,
E partes verdejantes,
Em grandes extensões,
Ouvindo o cantar dos pássaros,
O uivo de animais,
Com pelos exuberantes
Acariciando-se, entre os sentimentos,
Que nem o homem possui mais,
Porém,
O índio retoma sua cultura,
Preserva a sua origem,
Morando nas selvas,
Cultivando a terra,
E produzindo artes,
Que são sinais de vida e esperança.

Leonardo Furtado Sampaio

De volta ao serrado

Com outro olhar crítico,
Voltei ao mesmo percurso,
Das serras e suas rochas,
Procuro o verde,
Só encontro crateras,
Formadas pela erosão,
Os pássaros já não cantam mais,
Procuro escutar os uivos dos animais,
Escuto um som, uma pancada,
Observo, é o machado e o serrote,
É um tiro de fuzil,
Um uivo agonizante.
Morreu!
Do outro lado um grito,
Era o índio fugindo.
Resistindo.
E o barulho das máquinas?
Devastando a natureza criminosamente,
Derrubando as matas, os mangues,
Por ambição de assassinos,
Do poder, do capital,
Que só pensam no seu momento,
Sem respeito a vida, a natureza
E a outras gerações.

Leonardo Furtado Sampaio
É Brasil

Estamos caminhando
Num mundo de angustia e de terror,
Os mais fortes explorando
E os mais fracos se curvando,
Não entendo mais nada.
É Brasil ...
Você que é da agricultura,
Que produz o milho e feijão,
Pra toda a nação
Infelizmente meu irmão,
Você não tem direito ao chão.
É Brasil ...
Aí você despreza o sertão
E vem para a cidade,
Procura emprego e não encontra,
E os dias passam correndo,
A fome vai crescendo,
O aluguel vai se vencendo,
O desespero toma conta,
E aos poucos você vai morrendo.
É Brasil ...
Agora, com essa situação,
Sem emprego, sem casa e sem pão,
E com esse regime de opressão,
Mesmo você não sendo homem mal,
O jeito é virar marginal.
Isso é capitalismo, ele é cruel.

Leonardo Furtado Sampaio

Pra livrar-se da opressão

Avante trabalhadores,
Na luta por seus direitos,
Pra livrar-se da exploração
Dos ricos mamando no peito,
Sem dó nem compaixão,
Deitados me seus leitos,
Com uma pedra no coração.

Uni-vos classe operária,
Com força, coragem e amor,
Pra sairmos dessa miséria,
Da fome e da dor,
Que passa o trabalhador.

No campo e na cidade,
Sem terra e sem emprego,
Sem consciência da realidade,
E o pobre em desespero,
Procurando uma verdade.

Descobrem que o culpado,
É o governo enrolam,
O capitalismo selvagem,
Que para o pobre não deixa um quinhão,
Mas quando toma consciência,
Não se vende por um tostão.

Leonardo Furtado Sampaio


O PT E OS OPRIMIDOS

O PT de norte a sul
Está ao lado do povo oprimido,
Que trabalha e passa fome,
Com o salário espremido.

Somos um povo oprimido
Na luta por liberdade,
Somos um povo unido
Que exigimos a verdade.

O PT esta aí,
É um partido organizado,
Luta contra os tiranos
E com o povo a seu lado.

O PT é dos pobres,
Está contra os opressores,
Por isso ele é de massa,
Com todos trabalhadores.

O PT quer uma mudança,
Que inclua todo brasileiro,
Com o fim do capitalismo,
E um Brasil dos brasileiros.

O PT é do operário,
E também do lavrador,
E exige reforma agraria,
E defende um bom salário.

Leonardo Furtado Sampaio





A natureza

O céu, o mar.
O sol, a lua,
As nuvens, as estrelas.
O vento, o infinito,
As aves, os animais,
As plantas, as flores,
As águas, os rios.
O homem, a mulher,
É reflexo da natureza,
Tão perfeita.
Que nos deu a vida,
Com olhos para apreciá-la,
Ouvidos para escutá-la,
Pernas para andarmos,
Em busca de alimentos.
Substâncias na terra,
Alimenta as plantas.
A boca para saborearmos,
O que ela cria.
O olfato para sentirmos,
O aroma de tudo que existe.
Portanto.
A natureza é isto,
E tudo mais que imaginarmos.

Leonardo Sampaio

Mamães

Oh, mães!
Concedem nos vossos ventres.
Os frutos que somos nós.
Seres humanos,
Que vivemos neste imenso planeta.
Planeta que muitas outras vidas tem,
Também concedidas de vidas maternas,
Que se reproduzem,
E nos trazem nosso alimento de cada dia.
Perdendo assim a vida,
Para sustentar outras vidas.
Oh mães!
Quantas neste dia estão alegres,
Recebendo a recompensa de carinho,
Que lhes foi cedida.
E quantas choram,
Ao recordar o embrião,
Que lhes foi tirado sangrentamente,
Assassinado.
Talvez por egoísmo, vaidade,
Ou mesmo por outras circunstâncias.
Assim deixando de ter o seu fruto,
De sangue vivo correndo nas veias,
Lhes homenageando no grande dia,
Em que é comemorada,
A sua coroa de rainha.
E vós sois rainha,
Porque só a vós lhes foi concedida,
Tanta resistência para sentir a dor
De ser mãe.
E vós não existisse,
Nada mais talvez pudesse existir.
Muitas são as gotas d’água que transbordam neste dia.
Dia em que é comemorada sua coroa.
Umas transbordam em momentos de alegria,
E outras de tristeza ao sentir a ausencia de sua rainha,
Que se foi rumo ao infinito.

Leonardo Sampaio



Viola do sertão

Não és matuto, nem mexicano,
Eis um grande poeta
Não cantas por engano
Nem a troco de moedas
Canta a tua terra
Tocando num violão
A umidade da serra
E o teu seco sertão.

Falas no mandacaru
No vaqueiro e no gibão
Na feira de caruaru
E no boi azulão
Pensa na pobreza
Na sua grande miséria
Sente grande tristeza
Mas não pode acabar com ela.

Quando chega a chuva
Canta com mais alegria
Planta arroz, feijão e uva
Pra amanhã ser outro dia
Mas quando a chuva não vem
Dos eus olhos saem lágrimas
E no sertão não fica ninguém
Acabam-se até as boiadas
Sua rima é só tristeza
O seu canto não fadas
Fala do homem e sua pobreza
E das terras desprezadas.

Leonardo Sampaio


Mãe liberta

Dedicado a amiga Sandra

Pensando peguei no papel
Lembrando peguei a caneta
Me inspirando comecei a escrever
O celebro me foi fiel
E troce-me a lembrança de você.
Recordei a pequenina
Andando com as pernas tortas
Nós sorrindo e ela ingênua
Entrando de porta em porta.
Olhei para o espaço
Apreciei a natureza
Caminhei poucos paços
Encontrei-me com a beleza,
Uma jovem muito bela
E nos seus braços uma flor
Sendo beijada por ela
Num beijo com muito amor.
Esta flor e como a semente
Que em seu ventre gerou
E eis uma mãe muito contente
Que em algo acreditou
E já provou pra humanidade
Que com amor se vai a luta
E conquista a liberdade
Formando grande disputa
Entre o tabu e a realidade.

Leonardo Sampaio


Pássaros da minha terra

Falando da minha terra,
Onde canta o sabiá,
Na lombada da serra
Ou nos galhos do trapiá.

No angico cheio de flor,
Ou mesmo no juazeiro,
Voa o beijaflor,
Bicando e dando um cheiro.

Nos galhos do cajueiro
Acompanhado dos camaradas
Canta o bigodeiro
Fazendo lindas toadas.

Nas pedras do tabuleiro,
Canta o galo-campina
Entoando o dia inteiro
Encantando a ave rapina.

Em grandes arvoredos,
Canta a casaca-de-couro,
Voando pelos chiqueiros
Comendo milho e besouro.

Enquanto em casa, reza o rosário
Evocando a padroeira.
No raiar da aurora, canta o canário,
No galho da aroeira.

Nos lagos ou minador,
Reúne-se todos os pássaros,
Na beirada do bebedor,
Andando de passa em passo.

Enquanto por cima das águas
Voam as andorinhas
Bebendo gotinhas d’água
Dando lindas bicoradas.

Procurando sua comida
Ficam as lavandeiras
Na terra umedecida
Pegando moscas e abelhas.

No orvalho das salsas,
Pousam as borboletas,
O bem-ti-vi com suas asas,
Voa pegando brancas e pretas.

Leonardo Sampaio





Onde vivem a passarada

Nas vargens tem o sabiá,
Nas flores o beija flor,
Nos galhos o galo-campina,
Nos coqueiros a graúna,
Nos arrozes o assum-preto,
Nas braúnas as rolinhas,
Nas capoeiras as corujas,
Nas gaiolas os canários,
Nos capins o pintassilgo,
Nos roçados a casaca-de-couro,
Nos seus ninhos o casacão,
Nas estacas os bem-ti-vis,
Nos arames os anuns,
Nas fruteiras os sanhaçus,
Nos cipós os cibitos,
Nas moitas as nambus,
Nos algodões as cordunizes,
Nas matas o jacu,
Nos lagos os marrecos,
Nas lagoas os mergulhões,
Nos riachos o socos,
Nos mares a peixaria,
Nas lamas o muçum,
Nos minadouros o cururu,
Nos açudes os jabutis,
Nos buracos o tatu.


Leonardo Sampaio

Oh meu irmão

Estrela crescente de justiça
Luz irradiante que alumia
Fermento na massa oprimida
Sedenta de paz e amor
Segues com a luz que irradia
Para junto de uma massa ferida
Que vê esposos e irmãos na cadeia
Por imposição de um regime opressor.

Regime que de nós merece vaia,
Por isso lutaremos com fé
Para que ele um dia caia
Junto com os que não reconhecem
O filho de José,
Nem mesmo o plano do Pai, criador,
Este que nos dá força e esperança
De um dia cantarmos vitória
Afastando assim nossa dor.

Araguaia, te espera.
Vais!
Com a esperança de logo voltar
Aqui, continuaremos erguidos
Na luta por libertação
De todo esse povo sofrido
Que passa por perseguições
Deste regime poluído
Que mata de fome e opressão
Com a força dos tubarões.

A saudade que fica é imensa
Mas temos a certeza da opção
Entendemos o chamado de Deus
Para junto desses nossos irmãos
Que vivem um clima de tenção
Na luta por um pedaço de chão.

Leonardo Furtado Sampaio
Novembro / 83.

Carro de boi

Cabeçote, mesa, torno,
Eixo, sebo, roda, arco,
Pia alto, carga e areia,
Canga, correia, chifre,
Cabeçote puxando,
Chibata, corrente,
Vara, ferrão.
Carreiro cutuca quatro,
Quatro tudo carrega.

Leonardo Sampaio













O carro de boi e modernidade

No sertão os fazendeiros
Que não tinha carro de boi,
É porque não tinha dinheiro,
Ou desse mundo já se foi,
Só que hoje tudo é moderno,
É caminhão ou caminhonete,
Petróleo virando fumaça,,
Cavalo virando chevete.

Tudo ficando mais caro,
Na roça do agricultor,
O povo passando fome,
E a fumaça sai do trator.

O facão cortando cana,
A enxada já encostou,
A barriga seca de fome,
A foice já aposentou,
O machado não corta mais,
O enxadeco também não arranca,
Da terra, o boi é dono,
E para o homem nada ficou.

Leonardo Sampaio

A galinha e a exportação

Quando lia istorinhas
Da galinha do ovo de ouro
Imaginava que era lenda
Mas agora percebi a venda
E só faltam venderem o couro.

Até mesmo a inflação
Faz galinha botar ovo
Pra essa tal de exportação
Parece até que galinha
Esta virando petróleo novo.

Dizem os economistas
Que para poder pagar os juros
Da nossa dívida externa
A galinha vai dar duro
E tem que abrir as pernas.

A situação está assim
É preciso virarmos galo
E descermos do poleiro
Porque assim eu não me calo,
Pra vigiar o poleiro.

Conhecemos o patrão
E a furna que fica
La granja do torto
Com a tal de classe rica
Pra botar no nosso lorto.

Leonardo Sampaio

A praia

Desfilando entre grãos
De pedrinhas brancas do mar
Apreciando a beleza
Do sol, do dia e da noite o luar,
Corpos bronzeados,
As noites casais a se amar,
É o encontro do ser com a natureza,
Onde ali procuram descansar,
Em meio aos movimentos das águas
Lábios encontram a se beijar
Como a espuma das águas na areia,
Que sobem e retornam de vagar
E o frio da brisa levanta
E a terra volta a esfriar
Com a brisa que o vento açoita
A terra passa a molhar,
E no orvalho o verde das plantas
E do mar a água evaporar,
Formando nuvens cheias
Que se purificam com a química do ar,
Assim, é o mar, é a praia, é a vida,
É a liberdade almejada do homem,
E na luta procuramos saídas.

Leonardo Sampaio

A chuva

A chuva é de extrema utilidade para os seres vivos.
Pois quase que todos corpos vivos, tem grande quantidade de água.
Essa água é absolvida pela terra,
Evaporada em gotas,
Até formar nuvens,
E as mesmas dissolverem e chuvas.
Voltando assim ao solo,
Enriquecendo novas vidas,
Enchendo rios, e barragens,
Criando novas paisagens,
Para a natureza,
Conservando o verde das plantas.

Leonardo Sampaio

Políticos

Os políticos deste país,
Não são flores nem botões,
Andam mesmo de fuzis,
Matam todas multidões.

Falando abrem veredas,
Quando estão em campanha
Fazem do povo uma seda
Como casa de aranha.

Neles eu sempre noto,
Que só vêem a pobreza
Quando precisam do voto
Pra viverem na nobreza.

Em discursos são sem defeitos
Dizem até que acabam a fome
Mas quando estão eleitos,
Não vemos mais os seus nomes.

Com seus verbos e pronomes,
A fome vai criar assas
Mas o povo que a fome,
Só voa das suas casas.

Leonardo Sampaio


O deus do egoísmo

É o deus do dinheiro
Que me leva e traz,
É o deus do egoísmo
Que me faz ter mais,
É o deus do poder,
Que me leva aos anais,
É com estes deuses juntos,
Que o homem vira satanás.

Leonardo Sampaio





O coração

O coração é uma casa
Onde reside o amor
Amor ardente em brasa.
A lá que mora a alegria e a dor,

No tic-tac da pulsão
O tic contrai liberdade,
O tac expulsa opressão,
O tic liberta o amor
O tac oprime na dor.

Fica no homem a vaidade,
E esquece o tic de Deus,
Expressa-se na vontade
Do poder e do egoísmo,
Deixando para traz o batismo,
E abraçando o tac dos fariseus.

Assim é os fariseus do nosso tempo,
O que levam no coração,
Citando como exemplo,
O prazer, o sexo e a sensação,
Do dinheiro e do poder,
Sem olhar quem vai sofrer.

Leonardo Sampaio

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