sábado, 2 de janeiro de 2010

Casa da Rachel de Queiroz


Jornal O Povo
Artigo

Leonardo Sampaio
02 Jan 2010 - 01h34min

A Casa da Rachel de Queiroz é um patrimônio do povo, foi tombada em 22 de outubro de 2009 ``Decreto Nº 12.582/2009`` pela Prefeita Luiziane Lins, marcando uma história de luta contínuas da comunidade fortalezense desde 1983, quando se iniciou um processo de peregrinação passando por todos os prefeitos desta cidade durante todo esse período.

O Sítio Pici foi adquirido por Daniel de Queiroz, pai da escritora, em 1927 e ali a Rachel escreveu seus primeiros textos, como o poema ``Telha de Vidro``, o Folhetim ``A história de um nome``, o romance ``O quinze`` e ``João Miguel``. (Acioli & Casa do Benjamim).

São tantas as histórias que ouvi contadas pelas pessoas do Bairro Daniel de Queiroz (Decreto 1969) (Jóquei Clube) que conheceram a família da Rachel. Conversei com lavadeira de roupa, engomadeira, senhoras que na época eram criança e brincavam lá, tomava banho no açude, outras que pescavam, tiravam frutas, até um senhor que montava a charrete que a jovem Rachel ia para escola e passeava pelas ruas e estradas do bairro e até eu, que nos anos 60, entrava pela cancela, onde em cima havia um arco com o nome: Sítio Pici, ali ia caçar de espingarda e comer frutas junto com um amigo mais antigo no bairro que conhecia os caseiros dos Sítios. Eram muitos ao lado, tinham uns com nomes interessantes: Sítio do Papai, outro era Sítio da Vovó, outro Sítio do Papai do Céu, todos com vacarias e criação de outros animais de pequeno porte. Era uma região em que o rural misturava-se com o urbano, numa harmonia perfeita para os migrantes do Sertão.

Hoje, sem mais essa harmonia, nos resta conviver na selva de pedra e defender o pouco que ainda sobra de patrimônio histórico que é a Casa da Rachel de Queiroz e o único verde do entorno, como a APA - Área de Proteção Ambiental do Riacho Cachoeirinha e o Açude que fazem parte do contexto dos Sítios. Riacho onde as mulheres lavavam roupas, nas águas cristalinas das cacimbinhas que se formavam na margem.

Nessa área verde que resta, mais a Casa, defendemos que sejam transformadas em ponto de turismo com implantação de biblioteca infantil, com objetivo de incentivar a leitura, tendo como exemplo a própria Rachel e que o entorno da Casa seja preservado com urbanização adequada para lazer.


LEONARDO SAMPAIO
Educador, poeta e escritor
leonardosampaio5@yahoo.com.br

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