quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A ESCOLA E A INCULTURAÇÃO

A formação cultural na vida de uma criança, além da família, passa pela escola e a cultura de uma escola depende da formação cultural do professorado.
A sociedade brasileira é formada por índios, africanos e europeus. Ao longo dos seus 500 anos, o País vem sendo invadido por uma inculturação, imposta pela força da mídia e pelo consumismo capitalista dos Países industrializados, principalmente os Norte Americanos.
De lá exportam, modas, costumes, musicas, ideologia, exploração, globalização, neoliberalismo e aqui geram fome, desemprego, miséria, acumulação de riqueza, desigualdade social, violência, falta de saúde, moradia, educação, concentração de terra.
Diz-se que a educação, é o principal meio para o desenvolvimento. Mas que desenvolvimento?
A escola e os meios de comunicação do nosso País, são instrumentos utilizados para essa inculturação. Isso acontece, na medida em que reproduzem os valores da cultura importada de países que nada têm a ver com nosso povo, são totalmente diferentes do Brasil, tanto do ponto de vista do clima, como dos costumes, dos salários, do custo de vida, da musica, da arte e da moda.
A cultura popular brasileira é caracterizada na poesia, no romance, no cordel, na musica, na arte, no teatro, na dança, mas, como não são estimuladas nas escolas, nem na mídia, ela vai se distanciando da juventude, das gerações futuras.
Mas isso faz parte do mercado, do produto importado do mundo capitalista, e para obterem sucesso caracterizam nossa cultura como produto de terceira categoria, ou produto em extinção, sem valor para o mercado, assim, produzem novos valores culturais, conforme seus interesses.
Toda essa produção midiática em busca do lucro, como sendo um deus onipotente, vai formando uma crosta na mente do povo brasileiro contra os valores da nossa cultura popular. Professores mau formados, mau inofrmados e com pouca leitura, passam a transmitir às crianças nas escolas os ante valores culturais das nossas tradições.
Senti isto de perto, ao participar de uma festa da família, realizada por uma escola que ensina a crianças de jardim, me deparei com cenas que refletem o quanto a escola e os jovens professores estão despreparados para um ensino que traduza a nossa cultura, a regionalidade, a nossa música, nossa arte, nossa poesia, nossa literatura. Lá, em vez de samba, forró, MPB, bossa nova, maxixe, xaxado, torém, bumba-meu-boi, reisado, cordel, repente, poesia, capoeira, artesanato era apresentado o rock e uma mistura global, com universal, que até do ponto de vista da mística estava confuso.
Pude perceber o quanto os valores dessa inculturação penetra na juventude brasileira e na educação dos nossos filhos.
É preciso nestas escolas e ao professorado mais leitura, mais pesquisa, mais formação fora dos padrões impostos pela mídia capitalista, consumista, destruidora da vida e dos valores humanos.


Leonardo Furtado Sampaio
Educador e pesquisador popular

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