segunda-feira, 29 de abril de 2013

O risco da escassez masculina


Pelo numero de homens que está morrendo em torno da violência, é preocupante que possa haver escassez, em um curto espaço de tempo.
Falo assim, porque acompanho como educador popular e professor de escola pública, que cerca de 200 jovens foram assassinados na última década, só no Pici. Minha observação, é que desses mortos, apenas quatro mulheres fazem parte do rol, isso falando apenas da criminalidade, quando olho para os acidentes de motos e veículos observo que a maioria está entre a população masculina e os ainda vivos, muitos estão mutilados e outros nos presídios, isso significa uma escassez da figura masculina, o que deverá representar em breve, falta de mão de obra do homem, já que uma geração de jovens está sendo exterminada e o pior, na onda da violência, são das camadas pobres, filhos de biscateiros, desempregados, comerciantes, ambulantes, vendedores de drogas ilícitas, serventes, pedreiros, operários, lavadeiras, engomadeiras, costureiras, diaristas, e outras. É possível identificar ainda, que na sua maioria são de origem afrodescendente, que ao serem libertos da escravidão, não tiveram direito a terra pra trabalhar e morar, são também indígenas que sofreram a violência de tomarem suas terras. São povos de etnias com sua cultura própria, porém, discriminada por uma sociedade capitalista, individualista e consumista.
Os jovens são convidados para o consumo de produtos de marcas, mas não veem perspectivas de consumirem, com os recursos dos pais, por isso, também não querem a profissão deles, mas a sociedade lhes exige uma aparência, e eles não querem aparecer pra sociedade por baixo, como um pobre qualquer, e aí, pelo menos no seu meio, sentem a necessidade de se destacarem como heróis, diante das paqueras, nesse caso, usar drogas, roubar, pichar e matar vale tudo, “faz parte do sucesso”.
Destaco ainda, outro elemento importante a ser pesquisado: Qual é o grau de instrução deles? Quanto tempo esse jovem passou na escola? Porque abandonou o ambiente escolar? Quais eram seus sonhos e porque não lutou por eles?
Fica aqui, as interrogações, para que os institutos de pesquisas e cientistas busquem responder.

Leonardo Sampaio
27/03/2013