quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O JOVEM FILHO DE POBRE

Jovens, vitimas da agressão social institucionalizada (generalizada ) no país, constantimente são jogados no mundo da marginalização, pobres e subnutridos, sem condição financeira de dar continuidade aos estudos, ainda de menor passam a trabalhar em subempregos, normalmente em oficinas, biscateiros, vendedor, servente da construção civil, etc. aprendem a ter um pouquinho de dinheiro nos finais de semana e de repente ficam desempregados, aí passam a perambular pelas ruas do bairro, sem dinheiro, sem escola e sem educação e ocupação.
Com a vaidade imposta pela propaganda, o modismo, em busca do consumismo, que envaidece as pessoas, estes jovens ficam na ansiedade, se juntam nas calçadas de manhã, de tarde e de noite, assistem os “desfiles” das vestes dos outros jovens de melhores condições, vêem os carros bonitos e motos que passam, olham a situação de miséria de miséria dos pais, se angustiam e não encontram saída. De repente aparece alguém que lhes oferecem bebida, depois a droga, entram no vicio, se tornam dominados, passam a serem repudiados pelas pessoas, e já não têm como sustentar o vício.
Esse quadro leva o jovem a ser violentado, marginalizado outra vez. O pior é que ninguém se aproxima dele para orientá-los, mas incriminá-los, violentá-los e entregarem à polícia. Após serem fichados, a revolta aumenta e entram no mundo do crime, do assalto, do roubo, da violência sem retorno.
A polícia totalmente despreparada passa a torturá-los. Os radialistas e jornalistas sem nenhuma formação humana, nem prática social, fazem dos programas de rádios e TVs, instrumentos de torturas psicológicas, a tortura que machuca por dentro, denegrindo os jovens e a honra das famílias, que muitas vezes vieram do campo com toda pureza da terra e da sua cultura.
São pessoas discriminadas da sociedade capitalista, consumista, egoísta, que, sem a contribuição do Estado, não tiveram as condições financeiras para mante-los e dar a formação necessária e orientá-los nas horas mais difíceis de suas vidas.
A gravidade maior desse quadro, é porque a sociedade, não vai à procura da condição social do endivido-o, o que levou-o ao crime. Só mostram os fatos praticados.
O que escrevo aqui, são fatos reais, que acompanho no dia-a-dia, vendo os jovens que moram no meu bairro se agrupando, num espaço ocioso, sem lazer, sem cultura, sem perspectiva de futuro. No ano de 1986, eu vi, 26 jovens do meu bairro serem desovados na base velha do pici, em um mês. Motivo. Vingança da polícia. Um jovem policial, também viciado, teria sido morto.
São poucos os que se preocupam com essa realidade, no entanto a CNBB cumpre um grande papel estimulando a criação da pastoral da juventude.
Espero que essa pastoral, seja um instrumento de estimular a fé, renascer a esperança, aprofundar a espiritualidade, de denunciar as mazelas do sistema capitalista, concentrador de terra, riqueza e gerador da fome, miséria, desemprego, falta de escola, de saúde, moradia, transporte e saneamento básico.
Tenho a certeza, que essa pastoral com estas medidas, contribuirá para a construção do Reino de Deus, da justiça, do amor, da fraternidade e irá evitar que muitos jovens se tornem marginais.

Leonardo Furtado Sampaio

Nenhum comentário: