quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

UM PÁSSARO BALEADO

Não é a primeira vez que me sinto ferido na política como um pássaro baleado que às vezes perde uma asa ou uma perna e mesmo assim, com as deficiências continua a luta pela sobrevivência da vida e da espécie com princípios e valores humanos que não podem deixar de existir como forma transformadora permanente de um processo que constrói perspectivas e esperanças de que um outro mundo é possível ser construído com dignidade e ética.

Mas não é fácil, a luta é dura, já fui abalado diretamente quando amigos foram presos pela ditadura militar nos anos setenta e oitenta.
Outro golpe forte que me abalou foi na construção do Partido dos Trabalhadores que tinha como princípios a formação dos núcleos de base como espaço de formação e engajamento de jovens e lideranças forjadas nas bases para assumir os rumos políticos do país, com a finalidade de tirar do poder as classes dominantes.
Foi nessa empolgação que dediquei parte de minha vida acreditando que esse era o caminho para construir a revolução brasileira com a participação do povo no processo político, como sujeito da história.
O golpe ferino que senti, foi quando tivemos a notícia que a direção partidária havia extinguido os núcleos de base partidária e transformado o partido apenas no processo de políticas eleitoreiras, para garantir alguns militantes no parlamento. Desde aí inicia um processo de depuração do partido envolvendo-se no vicio da eleição burguesa e já em 86, vem a denuncia de recursos vindo dos coronéis para campanha do Pe. Haroldo com o objetivo de enfraquecer a eleição de Gonzaga Mota.
Ao reagirmos contra essa prática e insistir na existência dos núcleos de base como instrumento produtor de uma nova forma de fazer política e envolver a sociedade civil no processo político e participativo fomos expulsos do partido. O discurso é sempre de defender as classes subalternas, buscando recursos na classe dominante e média para garantir o processo eleitoral, que por sinal é muito caro e não permitindo que lideranças da base alcance o poder pelo método só do convencimento político ideológico.
Nesse governo Lula uma nova ferida foi aberta, envolvendo o Partido dos Trabalhadores nos esquemas de corrupção, igualando na taba rasa, as mesmas práticas das quais sempre combatemos. Mesmo assim, continua acreditando que isso não está na essência da política, mas sim, no poder do Estado do qual foi construído para tais práticas do exercício da classe empresarial e intelecto capitalista, que obriga o governante buscar o processo de representativo do legislativo para garantir a governabilidade com a participação de tais elementos do sistema capitalista.

Leonardo Sampaio

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