Meu pai fez um Juda
Com festa de qualidade
De todo lado veio ajuda
Por toda comunidade.
A cabeça foi caprichada
Esculpida de madeira
E passeou pelas estrada
Animando a brincadeira.
O jumento era o transporte
Em que o Juda passeou
O mesmo animal de porte
Que Jesus também andou.
O sitio era a surpresa
Com as plantas roubada
E era o que dava certeza
Da herança deixada.
Na festa tinha Careta
E era muito animada
Andavam com máscara preta
Assustando a meninada.
O sitio era a surpresa
Com as plantas roubada
E era o que dava certeza
Da herança deixada.
Na festa tinha Careta
E era muito animada
Andavam com máscara preta
Assustando a meninada.
A arma de proteção
Era do boi o pimbão
Que o Careta tinha na mão
Pra proteger do ladrão.
O Juda foi enforcado
Em uma corda pendurado
Com tiro foi derrubado
E pelo público comemorado.
Houve dança do côco
Animando mais a festa
A lenda do pau ôco
E cantiga de seresta.
O reisado de congo
Também foi dançado
Com seu paço longo
Com seu paço longo
E lindo requebrado.
Eu ainda era menino
Quando a festa aconteceu
Não sabia qual destino
Da figura do judeu.
O Juda tinha a cara
De Manoel Agostim
E ele ficou uma arara
Quando soube do motim.
Na hora da brincadeira
Em que o Careta açoitava
Foi num galho de pitombeira
Que de uma lapada escapava.
Esse poema começava
Na cozinha de minha casa
Quando papai lembrava
E mamãe sopra a brasa.
Era sábado de aleluia
Quando lá estava
E a história se diluía
Ninguém mais relembrava.
O casal octogenário
Falava com emoção
Da multidão no cenário
Daquela comemoração.
Essa lembrança histórica
Do Juda do meu pai
Foi à maior festa folclórica
Que da memória não sai.
Deixo assim essa lembrança
Da cultura popular
De quando fui criança
Em Abaiara meu lugar.
Da cultura popular
De quando fui criança
Em Abaiara meu lugar.
Leonardo Sampaio
22/04/2011
Abaiara - Ce