Leonardo Sampaio
30/06/2012
Tratar
sobre gênero e equidade é necessário voltar aos tempos para se perceber o
modelo de sociedade patriarcal, machista, identificada já nos escritos bíblicos
e ter um olhar também para a participação da mulher com papeis relevantes, que
já tratava sobre a questão de poder e vida coletiva como podemos destacar nos
livros de Ruti, Mirian, Ester, a existência das sacerdotisas e posteriormente
Maria, que revela no Canto Magnífica uma posição política firme, quando diz:
“Derrubai do trono os poderosos e elevai
os humildes”. Nessa linha Jesus também acolhe as mulheres discriminadas e os
trabalhadores “autônomos” como gesto de se contrapor ao modelo de sociedade
imperialista da época. Essa formulação teórica, que passa pela questão de
gênero e equidade, surge a partir da Teologia da Libertação e faz aparecer uma
leitura bíblica com formulações voltadas para a Teologia feminista numa
linguagem ecumênica, educativa e sociocultural.
No
entanto, essa conversar sobre gênero, parece remontar a luta das mulheres por
igualdade de direitos nos movimentos feministas nas décadas de 70 e 80. O
movimento tinha como objetivo apresentar um conceito relacionado com a
compreensão das relações sociais que envolvem homens e mulheres na construção
social e cultural do que é ser homem e o que é ser mulher e como isso afeta a
vida social, a saúde e a educação, além de enfatizar componentes centrais sobre
desigualdade de poder em diferentes sociedades e que envolve uma situação de
subordinação e de dominação das mulheres, tanto na esfera pública como na
privada.
O
debate sobre gênero rompe com um conceito e entendimento que o tema diz
respeito apenas às mulheres, na verdade trata do caráter relacional que inclui
homens e mulheres. Assim entende-se masculinidade como uma construção social, com
códigos, valores e simbolismo, atrelada a outras dimensões da vida social como
classe, raça/etnia, geração, orientação sexual. Isso sendo reproduzido e
reconstruído por instituições sociais como a família, a escola, o Estado, o
local de trabalho e outros, na perspectiva de pensar performances não
vinculadas às normas sociais patriarcais e que tragam benefícios à saúde e ao
bem-estar das mulheres, crianças e homens, contribuindo assim para mudanças na
compreensão e nas relações de gênero.
O
legado dessa discussão teve mais receptividade e avanços expressivos, devido o
empenho dos movimentos feminista que na década de 1970 promoveram ações
pontuais dentro das escolas, atuando com estudos acerca da condição da mulher
na sociedade brasileira, o que facilitou o movimento agir mais integrado e com
ações voltadas para a educação, o que proporcionou a elaboração de pedagogias
com práticas educativas não-sexistas, produzidas a partir de diferentes
posições teórico-metodológicas, que possibilita uma educação com visão mais
ampla sobre as relações de gênero e equidade.
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