O comportamento de alunos na
escola, pode ser o reflexo do modelo de sociedade, do ambiente onde vive, das
relações pessoais e familiares. Nós educadores muitas vezes nos deparamos com
crianças utilizando linguagens e atos de adultos, e fazem como se isso fosse
uma coisa natural da espécie. Algumas dessas linguagens são carregada de
preconceitos e imbuída de atitudes discriminatória, com resquícios homofóbicos.
Todo nesse emaranhado de coisas,
chega à escola por meio dos alunos e é aí onde reside o desafio de professores
e gestores para encontrar formas de lhe dá com a questão, que é complexa e
difícil de ser tratado, por vir de um ambiente externo à escola e ao mesmo
tempo ter uma relação direta, por essa, estar inserida na comunidade, que
também é gestora por meio do Conselho Escolar, através dos pais e das
organizações sociais, mas que nem sempre são convidados a participar desses
processos.
Agora vou falar como testemunho
direto de uma experiência de apenas dois meses como professor da rede municipal
de ensino fundamental infantil de Fortaleza, num bairro da periferia, onde já
presenciei situações preconceituosas entre alunos da escola, em que prevaleceu o
racismo, à religiosidade e opção sexual. Na ocasião fiquei atento às
expressões, às formas, aos atores e aos afetados. Foram três casos distintos, que me chamaram a
atenção, por se tratar de crianças com preconceitos racistas, discriminações
religiosas e gestos homofóbicos relacionados ao homossexualismo. Nos três
casos, houve reação das crianças afetadas, que agiram da seguinte forma: no
primeiro momento revidando com expressões também preconceituosas e racistas,
como: “você é um negro sem vergonha”, ou “você é macumbeiro/a, ou ainda, “você
é um viado safado”, no segundo momento fui chamado à atenção para tomar alguma
atitude em sua defesa, por sentirem-se humilhados. Obviamente que não podia ser
indiferente, até mesmo por ser o professor mais novo da prefeitura aos 60 anos
e ser especializado como professor de comunidade remanescente de quilombo e com
vasto trabalho como educador popular, freiriano. Parei a disciplina, em cada
situação e fui estudar com os alunos e alunas conceitos, preconceitos,
discriminação, homofobia, direito a opção sexual, respeito e solidariedade a
partir do amor fraterno.
Senti na reação dos alunos e alunas o quanto
os professores e professoras precisam estar preparados e conscientes para lhe
dar com tais situações e sintam-se capazes de agir na perspectiva de construir
relações de respeito e valorização das diferenças, partindo das diversidades,
com métodos dialógicos e reflexão continua entre escola, aluno e comunidade.
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