Leonardo
Sampaio
A
economia solidária é
baseada
em
fundamentos que
você pode conhecer nesse texto feito especificamente para aprofundar o conhecimento de uma outra forma de economia que trás um sentido com a vida das pessoas e o planeta do ponto de vista da sustentabilidade. Vejamos a seguir em que essa economia é fundamentada.
1.
A Economia Solidária se caracteriza por práticas fundadas em
relações de colaboração solidária, inspiradas por valores
culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da
atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza. Esta
nova prática de produção, comercialização, finanças e consumo
privilegiam a autogestão, o desenvolvimento comunitário, a justiça
social, o cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade com as
gerações futuras.
2.
A Economia Solidária é, pois, um modo de organizar a produção,
distribuição e consumo, que tem por base a igualdade de direitos de
todos os sócios dos empreendimentos. Os meios de produção de cada
empreendimento e os bens e/ou serviços neles produzidos são de
propriedade coletiva dos sócios e todos eles trabalham no
empreendimento.
Igualmente,
há associações de pequenos produtores ou prestadoras de serviços,
individuais ou familiares, que trabalham em separado (cada um em seu
estabelecimento), mas que realizam em comum a compra de seus insumos,
a venda de seus produtos ou o processamento dos mesmos.
3.
O que as iniciativas de Economia Solidária têm em comum é a
igualdade de direitos de todos os sócios sobre a associação ou
cooperativa, o que implica em autogestão,
ou seja, a participação democrática (cada cabeça dispõe dum
voto) de cada sócio nas tomadas de decisão. O que implica a
inexistência de classes sociais no seio do conjunto da economia
solidária. À medida que se organiza e se integra, a Economia
Solidária dá lugar a uma sociedade sem classes, cujo
desenvolvimento é necessariamente includente, pois os
empreendimentos solidários se beneficiam com a inclusão de novos
sócios ou a criação de novos empreendimentos, respeitando-se suas
margens de sustentabilidade.
4.
As manifestações da Economia Solidária são diversas, dentre as
quais se destacam: coletivos informais, cooperativas de produção,
de consumo solidário ou de serviços; organizações e grupos de
crédito solidário e fundos rotativos; grupos e clubes de trocas
solidárias com uso de moeda social (ou comunitária); recuperação
de empresas pela autogestão; estabelecimento de cadeias solidárias
de produção, comercialização e consumo, organização econômica
de comunidades tradicionais, entre outras iniciativas.
5.
A Economia Solidária é geradora de trabalho emancipado, operando
como uma força de transformação estrutural das relações
econômicas, democratizando-as, superando a subalternidade do
trabalho em relação ao capital.
6.
Além de geradora de trabalho emancipado, a Economia Solidária
promove a difusão do consumo consciente, ético e solidário. Levar
a sociedade a perceber o ato de consumir não apenas como uma questão
de “gosto”, mas também como um ato ético e político: ao
consumirmos um produto originado de um processo em que se explora o
trabalho alheio, degrada-se o meio ambiente e as relações
comunitárias, estamos mantendo esta forma de produção.
7.
A Economia Solidária é, pois, uma alternativa ao mundo de
desemprego crescente, em que a grande maioria dos trabalhadores não
controla nem participa da gestão dos meios e recursos para produzir
riquezas, e em que um número sempre maior de trabalhadores e
famílias perdem o acesso à remuneração e fica excluído das
possibilidades de um consumo que atenda dignamente as suas
necessidades como ser humano.
8.
A Economia Solidária busca reverter a lógica da espiral capitalista
que promove crescente desigualdade social, econômica e territorial.
Ela afirma a emergência de um novo ator social composto de
trabalhadores associados e consumidores conscientes e solidários,
portadores de possibilidades de superação das contradições
próprias do capitalismo.
9.
A Economia Solidária compartilha valores, princípios e práticas de
um conjunto de lutas históricas das classes populares e de setores
excluídos da sociedade. Dentre elas podemos destacar:
I)
A luta dos trabalhadores contra a subordinação do trabalho pelo
capital e valorização da propriedade/ gestão coletiva dos meios de
produção, da solidariedade e cooperação mútua;
II)
A luta da agricultura familiar e da Reforma Agrária pela
democratização do acesso e uso da terra, da água e dos recursos
genéticos;
III)
A luta das comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas,
extrativistas, pescadores/ artesanais, etc.) pelo reconhecimento e
valorização de conhecimentos e práticas tradicionais, valorização
da diversidade étnica, promoção dos direitos territoriais e de sua
autodeterminação;
IV)
A luta pela reforma urbana, pela gestão coletiva dos espaços
urbanos e da moradia, e reciclagem dos resíduos sólidos por meio da
autogestão dos catadores e da participação popular no controle dos
orçamentos e na definição das políticas públicas;
V)
A luta das mulheres contra a discriminação e pelo reconhecimento do
lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na
solidariedade;
VI)
A luta ambiental pelo desenvolvimento sustentável, pela preservação
dos recursos naturais e ecossistemas.
Dessa forma entendo que o mundo precisa caminhar nesse sentido, numa determinação de provar que outro mundo é possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário