Leonardo Sampaio
Quando se fala de economia, a versão que se tem, é a
do mundo capitalista, de uma coisa distante, apenas para banqueiros,
economista, o mercado financeiro e grandes negócios, ou seja,
economia é para quem tem muito dinheiro e assim passa como verdade,
nunca se imagina que está ligada ao cotidiano das pessoas desde os
ganhos, despesas familiares e pessoais. Vendo dessa forma, é
possível entender o significado real da palavra economia, que é
cuidar da casa, arrumar, planejar de acordo com as necessidades
básicas para proporcionar o bem viver, dando o sentido de
solidariedade, com um modo peculiar de viver a felicidade interna
bruta, protegendo o planeta, sem acumulo de capital e exploração do
trabalho como mercadoria de compra e venda da mão de obra humana.
Assim como a palavra economia significa cuidar da casa,
a palavra política vem de polis que significa cidade, lugar onde
deve ser cuidado como se cuida de um jardim. com a arte de fazer o
bem comum. Aí é onde deve estar o cuidado pra saber escolher o
jardineiro ou jardineira, o cuidador ou cuidadora que aduba, semeia,
faz aguaçam, colhe e distribui os frutos e flores.
Esses cuidados tem que ser o mesmo para o país, o
estado e as cidades porque é o lugar onde moramos, vivemos e pagamos
impostos para se construir ambientes com qualidade de vida em todas
as dimensões políticas, sociais e econômicas que promovam o bem
viver.
Trazendo essa formulação teórica para a prática, a
eleição de 2002 pode ser citada como exemplo de dificuldades das
pessoas na escolha dos gestores e legisladores para cuidar dessa
nossa casa, que é o estado brasileiro. Sinão vejamos: o povo ao
eleger Lula presidente da república, esperava de sua gestão, que
ele fosse o jardineiro, o cuidador do patrimônio coletivo, no campo,
nas cidades, das etnias e especialmente das pessoas, ou seja,
esperava-se um Projeto Popular para o Brasil, em que estivesse
inserido da reforma política e agrária com emprego, educação de
qualidade para todos, saúde pública, respeito e dignidade com o
dinheiro público, preservação ambiental e uma economia capaz de
distribuir renda e proporcionar felicidade a todos.
Agora, há de se interrogar como foi na prática o voto
do povo que elegeu o Lula. Será se o voto foi pessoal ou em um
projeto? Tentando responder a essa pergunta, olhando para o Estado do
Ceará, identificamos que Lula tirou a maioria de votos em todo o
Estado, no entanto, enquanto o povo dava a maioria de voto ao Lula,
elegia para o Congresso Nacional um Senador, uma Senadora e 18
deputados federais contra o projeto do Lula, dos 22 eleitos deputados
eleitos apenas quatro defendiam o projeto do Lula. Além disso
elegeram o governador do Estado também contra esse projeto. E aí,
como governar o país e implantar o Projeto Popular, com a minoria no
Congresso? Havia duas saídas, chamar o apoio popular ou fazer
conchavos com os inimigos do projeto, enviados pelo povo. A opção
tomada foi os conchavos e resultado deu, no que deu, foi buscar a
governabilidade com as velhas raposas da caixa preta que vivem na
política à custa de caixa dois tirada dos cofres públicos por
meio da corrupção e do capital das empresas que fornam lobby no
congresso para a criação de leis de seus próprios interesses.
Este
ano de 2014, vive-se um novo processo eleitoral. Será se há de fato
um amadurecimento político eleitoral, capaz
de analisar os projetos neoliberal e o desenvolvimentista em disputa
nessa eleição? Será
se o eleitor na hora de votar irá fazer a distinção entre os
poderes executivo e legislativo com base nos dois
projetos?
Entendo
que para essa escolha,
é necessário olhar pra trás e vê a história do país, olhar o
presente com uma visão crítica e projetar o futuro prevendo
um sistema político que assegure direitos,
demandas, desejos e que os
problemas sejam tratados conforme as reais vontades e necessidades de
todos e todas sem retrocesso
político, econômico e social.
Para
esse sonho realizar-se, é necessário que o eleitor escolha seus
representantes comprometidos com a indicação do Plebiscito por
uma Constituinte
Exclusiva
e Soberana
para mudar o
sistema político. O
Plebiscito de iniciativa popular acontece de 01 a 07 de setembro de
2014.
Leonardo é educador
popular,
pedagogo, pesquisador
popular, escritor, poeta e
professor da rede municipal de ensino de Fortaleza.
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