sábado, 23 de agosto de 2014

Política, economia e eleição

Leonardo Sampaio

   Quando se fala de economia, a versão que se tem, é a do mundo capitalista, de uma coisa distante, apenas para banqueiros, economista, o mercado financeiro e grandes negócios, ou seja, economia é para quem tem muito dinheiro e assim passa como verdade, nunca se imagina que está ligada ao cotidiano das pessoas desde os ganhos, despesas familiares e pessoais. Vendo dessa forma, é possível entender o significado real da palavra economia, que é cuidar da casa, arrumar, planejar de acordo com as necessidades básicas para proporcionar o bem viver, dando o sentido de solidariedade, com um modo peculiar de viver a felicidade interna bruta, protegendo o planeta, sem acumulo de capital e exploração do trabalho como mercadoria de compra e venda da mão de obra humana.
   Assim como a palavra economia significa cuidar da casa, a palavra política vem de polis que significa cidade, lugar onde deve ser cuidado como se cuida de um jardim. com a arte de fazer o bem comum. Aí é onde deve estar o cuidado pra saber escolher o jardineiro ou jardineira, o cuidador ou cuidadora que aduba, semeia, faz aguaçam, colhe e distribui os frutos e flores.
   Esses cuidados tem que ser o mesmo para o país, o estado e as cidades porque é o lugar onde moramos, vivemos e pagamos impostos para se construir ambientes com qualidade de vida em todas as dimensões políticas, sociais e econômicas que promovam o bem viver.
   Trazendo essa formulação teórica para a prática, a eleição de 2002 pode ser citada como exemplo de dificuldades das pessoas na escolha dos gestores e legisladores para cuidar dessa nossa casa, que é o estado brasileiro. Sinão vejamos: o povo ao eleger Lula presidente da república, esperava de sua gestão, que ele fosse o jardineiro, o cuidador do patrimônio coletivo, no campo, nas cidades, das etnias e especialmente das pessoas, ou seja, esperava-se um Projeto Popular para o Brasil, em que estivesse inserido da reforma política e agrária com emprego, educação de qualidade para todos, saúde pública, respeito e dignidade com o dinheiro público, preservação ambiental e uma economia capaz de distribuir renda e proporcionar felicidade a todos.
   Agora, há de se interrogar como foi na prática o voto do povo que elegeu o Lula. Será se o voto foi pessoal ou em um projeto? Tentando responder a essa pergunta, olhando para o Estado do Ceará, identificamos que Lula tirou a maioria de votos em todo o Estado, no entanto, enquanto o povo dava a maioria de voto ao Lula, elegia para o Congresso Nacional um Senador, uma Senadora e 18 deputados federais contra o projeto do Lula, dos 22 eleitos deputados eleitos apenas quatro defendiam o projeto do Lula. Além disso elegeram o governador do Estado também contra esse projeto. E aí, como governar o país e implantar o Projeto Popular, com a minoria no Congresso? Havia duas saídas, chamar o apoio popular ou fazer conchavos com os inimigos do projeto, enviados pelo povo. A opção tomada foi os conchavos e resultado deu, no que deu, foi buscar a governabilidade com as velhas raposas da caixa preta que vivem na política à custa de caixa dois tirada dos cofres públicos por meio da corrupção e do capital das empresas que fornam lobby no congresso para a criação de leis de seus próprios interesses.
Este ano de 2014, vive-se um novo processo eleitoral. Será se há de fato um amadurecimento político eleitoral, capaz de analisar os projetos neoliberal e o desenvolvimentista em disputa nessa eleição? Será se o eleitor na hora de votar irá fazer a distinção entre os poderes executivo e legislativo com base nos dois projetos?
   Entendo que para essa escolha, é necessário olhar pra trás e vê a história do país, olhar o presente com uma visão crítica e projetar o futuro prevendo um sistema político que assegure direitos, demandas, desejos e que os problemas sejam tratados conforme as reais vontades e necessidades de todos e todas sem retrocesso político, econômico e social.
   Para esse sonho realizar-se, é necessário que o eleitor escolha seus representantes comprometidos com a indicação do Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana para mudar o sistema político. O Plebiscito de iniciativa popular acontece de 01 a 07 de setembro de 2014.

Leonardo é educador popular, pedagogo, pesquisador popular, escritor, poeta e professor da rede municipal de ensino de Fortaleza.

Nenhum comentário: