Pelo numero de homens que está morrendo em torno da
violência, é preocupante que possa haver escassez, em um curto espaço de tempo.
Falo assim, porque acompanho como educador popular e
professor de escola pública, que cerca de 200 jovens foram assassinados na
última década, só no Pici. Minha observação, é que desses mortos, apenas quatro
mulheres fazem parte do rol, isso falando apenas da criminalidade, quando olho
para os acidentes de motos e veículos observo que a maioria está entre a
população masculina e os ainda vivos, muitos estão mutilados e outros nos
presídios, isso significa uma escassez da figura masculina, o que deverá
representar em breve, falta de mão de obra do homem, já que uma geração de
jovens está sendo exterminada e o pior, na onda da violência, são das camadas
pobres, filhos de biscateiros, desempregados, comerciantes, ambulantes,
vendedores de drogas ilícitas, serventes, pedreiros, operários, lavadeiras,
engomadeiras, costureiras, diaristas, e outras. É possível identificar ainda,
que na sua maioria são de origem afrodescendente, que ao serem libertos da
escravidão, não tiveram direito a terra pra trabalhar e morar, são também indígenas
que sofreram a violência de tomarem suas terras. São povos de etnias com sua
cultura própria, porém, discriminada por uma sociedade capitalista, individualista
e consumista.
Os jovens são convidados para o consumo de produtos de
marcas, mas não veem perspectivas de consumirem, com os recursos dos pais, por
isso, também não querem a profissão deles, mas a sociedade lhes exige uma
aparência, e eles não querem aparecer pra sociedade por baixo, como um pobre
qualquer, e aí, pelo menos no seu meio, sentem a necessidade de se destacarem
como heróis, diante das paqueras, nesse caso, usar drogas, roubar, pichar e
matar vale tudo, “faz parte do sucesso”.
Destaco ainda, outro elemento importante a ser pesquisado:
Qual é o grau de instrução deles? Quanto tempo esse jovem passou na escola? Porque
abandonou o ambiente escolar? Quais eram seus sonhos e porque não lutou por
eles?
Fica aqui, as interrogações, para que os institutos de
pesquisas e cientistas busquem responder.
Leonardo Sampaio
27/03/2013
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