domingo, 23 de dezembro de 2012

Saberes africanos na escola

Foi numa escola pública

Chamada de Dagmar,

Onde o assunto negritude,

Foi tema pra estudar,

Sobre a beleza africana,

Com tudo que veio de lá.

 

Os saberes africanos

E o afro-brasileiro

Teve em todas as salas

Do quinto até o primeiro

Estudando as riquezas

Fincadas no brasileiro.

 

Com muito entusiasmo

A escola participou

Da primeira até a quinta

Todo mundo estudou

Dos saberes se inteiraram

Do que a história contou.

 

O entusiasmo foi tanto

De alunos e professores,

Que todos se superavam

Pesquisando os valores

Da cultura africana

Religiões e tambores.

 

Os temas em cada sala,

Assim foram distribuídos

Estudou-se personagem

Com trabalhos construídos

Pela coletividade

E todos sendo concluídos.

 

Quilombo foi mais um tema

Difundido e estudado

Sobre as lutas no Brasil

Do negro escravizado

Brigando como guerreiro

Pra poder ser libertado.

 

Os estudos avançavam

Sobre Quilombos formados

Em lugares bem distantes

Pra estarem preparados

Mantendo a resistência

Pra não serem atacados.

 

A luta dos quilombolas

É a defesa da terra

Pra produzir alimentos

Bem lá no topo da Serra

Em lugar de pouco acesso

Pra poder vencer a guerra.

 

Já os contos africanos

Com histórias de animais

Foram as coisas mais lindas

Que ficaram nos anais

Dos olhares das crianças

Professores e dos pais.

 

O continente africano

Da forma que foi mostrado

Trazendo todos os mapas

Mostrado com o cuidado

Da forma como entenderam

O tema lá estudado.

 

E a divisão política

Da África oriental

Com todos os seus países

E a região ocidental

Traziam as suas belezas

De forma fenomenal.

 

O trabalho sobre África

Olhando para o Brasil

Na sala tinha de tudo

E todo mundo lá viu

Instrumentos e comidas

Cultura e povo gentil.

 

Costumes e culinária

As artes e a cultura

Vindas da produção negra,

Com valores e postura

Que a negritude tem

Fez da sala a leitura.

 

Caxixi e atabaque

Berimbau e afoxé

Feitos com a natureza

De cabaça e coité

O Bambu e a taboca

E o sabor de acarajé.

 

A fala de uma mãe

Que ali se fez presente

Foi muito gratificante

Quando falou renitente

Do que aprendeu na sala

Deixou-lhes muito contente.

 

Coisas que ela ouviu

Precisa ser combatido

O racismo na escola,

É que tem acontecido,

Inclusive intolerância,

Que crianças têm sofrido.

 

E a questão religiosa

Tratada com intolerância

E com palavras racistas

Tem muita ignorância

No debate foi aflorado

O quanto à discrepância.

 

Os filhos de Mãe de Santo

Sofrem muito preconceito.

Já nasceram nos terreiros

E ninguém tem o direito

De querer discriminá-los,

Xingando com desrespeito.

 

Outra forma agressiva

Dito para humilhar

É o cabelo pixaim

Fala-se pra rebaixar

Mostrando o preconceito

Buscando discriminar.

 

A lei agora é dura

E pode incriminar

Levar gente pra cadeia

Que o racismo praticar

Seja a cor ou religião

Todos tem que respeitar.

 

Tirem lá o seu racismo

Que eu quero aqui passar

Minha cor é natural

É a que trouxe de lá

Por isso abra o caminho

Pras cores não separar.

 

A mãe viu crianças falarem

Do que sofrem de agressão

Por ser afrodescendente

E apelou pra intervenção,

Para por fim ao racismo

Com mais conscientização.

 

O que ficou de lição

Sobre igualdade racial

Foi o direito humano

Que será fundamental

Pra o respeito e dignidade

A esse povo ancestral.

 

Esse foi o aprendizado

Dessa Feira Cultural

Tendo participação

Que levantou o astral

De todo corpo escolar

Foi tudo sensacional.

 

E assim fica o exemplo

De toda a formação,

Com riqueza cultural,

Tirada do coração,

Estendendo os abraços

Para toda a direção.

 

Vou agora apresentar

A escola onde fica

Próximo ao Rio Siqueira

Onde não tem gente rica

Mas as famílias honradas

Que o bairro pacifica.

 

Dona Dagmar Gentil

É Escola Municipal

Fica no Henrique Jorge

Perto da Perimetral

Com os alunos ingressos

No ensino fundamental.

 

No Estado do Ceará

Fortaleza é a Cidade

E o Brasil é o país

De ensino de qualidade

Estudar a negritude

É uma necessidade.

 

Leonardo Sampaio

15/12/2012

 



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Consciência negra e a educação


            Novembro é o mês em que as escolas trabalham a questão relacionada com o negro devido ao dia 20 da consciência negra. Trabalho como professor na rede municipal de ensino de Fortaleza e quero aqui provocar uma reflexão relacionada à questão negra e a educação que teve início com o artigo 68, da constituição de 1988 e a Lei 10.639/2003 Art. 26-A, que traz o seguinte texto: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. 
Hoje temos a Lei complementar 11.645/2008 que acrescenta além da história e cultura Afro-Brasileira, a indígena. No entanto é visível que o tema passa distante no Projeto Político Pedagógico nas Secretárias Municipais e Estaduais. Se alguma secretaria ou escola elaborou no PPP, mas na prática não funciona, porque há necessidade de uma formação específica para os professores, nessas áreas e que perpassa por todas as disciplinas desde a matemática à religião. É nesse campo da formação que esta a deficiência do sistema na implementação da Lei, até mesmo porque nem as academias estão preparadas para essa capacitação.
Fiz uma especialização de pós-graduação nessa área, pela Faculdade de Educação da UFC via o Núcleo de Africanidades Cearenses (NACE), para ser professor em educação para comunidades negras e quilombolas, foi aí que pude perceber que é uma coisa esporádica, porque não há ainda uma sistematização maior em termo de nível superior que assegure às redes de ensino no país a garantia da qualidade do ensino nesse campo da educação especializada sobre a questão afrobrasileira e indígena.
Hora, se até as academias estão com dificuldade em relação ao tema, imagine os/as professores/as diante de uma coisa bastante complexa como a cultura afro-brasileira e indígena, até porque envolve uma cultura considerada folclore, ou seja de baixa qualidade e que está fora da indústria e do mercado cultural capitalista, por tanto nem livros pedagógicos para escolas, interessam às editoras. “Esta é uma das questões mais complexas  de nossa educação porque  implica  na desconstrução da cultura burguesa dominante,  do processo de branqueamento  de nosso povo e do resgate de nossos referenciais identitários originais”. (Zu Noreira).
Na verdade a história e cultura das etnias negra e indígena chegam nas escolas como coisa de temas transversais, parecendo uma emenda e aí o professor/a, vai para sala de aula pra trabalhar os conhecimentos pessoais dele/a, se é que tem e ainda com medo do preconceito, principalmente quando se trata das religiões de matriz africana, porque há um movimento contra, que sempre apresenta na mídia  a parte destorcida, como nos programas policiais e no pentecostalismo cristão que continua combatendo as religiões afro-brasileira como na época da escravatura, tratando-as como coisa do satanás.
Quanto ao que vem em alguns livros didáticos, é apenas como informações da existência dessas etnias, mas sem nenhum aprofundamento histórico sobre suas religiosidades e o que simboliza seus rituais espirituais relacionados com a natureza e a vida. O Exu, Iemanjá, Tupã, a Mãe Terra que são os deuses que alimentam a espiritualidade, a fé e a sustentabilidade da vida, da natureza e a prosperidade da espécie a partir da preservação oral e comunicacional com sua ancestralidade, é com isso que estas etnias vivem a fraternidade, o amor e a justiça terrena e divina.
Toda essa cultura, foi negada e perseguida pelo eurocentrismo, na tentativa de eliminar as culturas ancestrais indígenas e africanas, mais elas resistem, se ampliam e tomam conta das políticas públicas enquanto leis, para assegurar a dignidade e a qualidade de vida destes povos étnicos, muito mais brasileiros. Por isso, é preciso entender que não basta apenas a presença do negro, ou de índio nas esferas de poder, mas que estas políticas ainda tímidas, sejam de fato implementadas pelo estado brasileiro em todas suas esferas de poder.

Leonardo Sampaio
Educador popular e pedagogo – Cel.8501-0330
11/11/2012

sábado, 10 de novembro de 2012

Consciência negra






















Ser negro não é só a pele
Mas sua ancestralidade
É só buscar a história
Que tem a comunidade
Resgatar a descendência
Que da África vem a essência
Mesmo sem a qualidade.
                             
Assim, pode-se afirmar
Que sentir a negritude
Não é a cor que determina,
Mas, o ancestral e a virtude
De sua africanidade
Berço da humanidade
De onde vem sua atitude.

Depende de cada um
Tomar a sua decisão
Provando sua origem
E com determinação
Assumir a descendência
Com a cor ou aparência
E a África sua nação.

Nação como sua origem
De sua história africana
Tendo na arte e a cultura
Como vivência bacana
Que orgulha o ser negro
Mantendo seu jeito regro
Livre do engenho de cana.

Pra se ter consciência negra
É conviver com suas crenças
É conhecer seus direitos
Respeitar as diferenças
É defender sua história
Registrada da  memória
Ancestrais e benquerenças.  

Assumir brasilidade
De ser afrodescendentes
Reunindo os seus valores
Como bravos resistentes
Zumbi e Dragão do Mar
E outros, vieram aclamar
Guerreiros onipotentes.

São tantos os vitoriosos
Que se pode enumerar
É só olhar para África
Pra poder identificar
E circular pelo mundo
Para encontrar oriundo
Que veio do lado de lá.

Por isso a xenofobia
Não pode haver razão
Para o afrodescendente
Sofrer discriminação
E muito menos racismo
Seja de onde vem o ismo
Com desumanização.

É o preconceito que faz
O negro negar a cor
Precisa ser combatido
Esse tipo de terror
Pra existir dignidade
E a solidariedade
Com igualdade e amor.

A escola é um caminho
Com professor preparado
Pra educar contra o racismo
Por ter cabelo cacheado
E a pele com melanina
A educação não ensina
Negro ser discriminado.

A luta dos pretos libertos
Se não houver a consciência
Fica no mundo dos brancos
Vivendo só de aparência
Tentando se branquear
Sem com o outro se importar
 Negando até sua essência.

Eles se acham libertos
Negam discriminação
Tentam fugir de suas raízes
Pra subir na exploração
E viver como burguês
Achando que é sua vez
Não sentem a enganação.

Ser negro é se orgulhar
Da beleza e do que faz
Com atitude e maestria
Numa cultura de paz
Com festa e alegria
Que reúne sabedoria
Que no peito o negro traz.

Negritude é beleza
É luta e resistência
É força cultura e arte
Saberes e consciência
É buscar a liberdade
Pra viver com igualdade
No trabalho e na ciência.

Tentaram eliminar
Pluralismo cultural
E mudar o pigmento
Da etnia ancestral
Pelo o branco opressor
Dizendo-se “superior”
Tratando-o como animal.

A luta foi muito grande
O negro não aceitou
Jogou a mesa pro ar
Foi à luta e contestou
Fugiu até da senzala
Com voz firme que não cala
E o seu quilombo criou.

No quilombo ficou livre
Pra suas manifestações
Terreiros e rezadeiras
São da fé e religiões
Com os toques dos tambores
Os temperos e os sabores
Costumes e inspirações.

Para falar em costumes
Culinária e Vatapá,
Acarajé e Feijoada
Sarapatel, mungunzá
Com dança e rebolado
Música pra todo lado
Com tambores e ganzá.

E assim deixo o retrato
Do ser negro no Brasil
Ainda tem muito mais
Coisa boa e coisa hostil
Algo que alegra e revolta
É o racismo imbecil.

Vou agora te afirmando
Que todo eurocentrismo
Com o seu padrão de vida
Carregado de racismo
E o negro embranquecendo
E sua raça ofendendo
É a prática do fascismo.

Viva o vinte de novembro
Dia de lutas e de glórias
Simboliza a resistência
De conquistas e vitórias
Que de Zumbi até agora
Nas lutas se comemora
Ao longo de suas histórias.

Fortaleza, 10 de dezembro de 2012

Livro 3ª edição – 25 de março de 2019