As manifestações de ruas em
Fortaleza desde o dia 19/06/13 me fizeram observar que as matérias de televisão
e jornais vêm discriminando e criminalizando o movimento de rua, taxando-o como
vândalo, tanto nos noticiários como nos programas da “bala e sangue”. Passam
horas mostrando imagens da revolta popular contra todas as formas de desrespeito
aos seus direitos. Os jornais impressos trazem nas manchetes fotos e matérias
mostrando fogo e violência, como se tudo fosse vandalismo.
Esse tipo de comunicação, não quer
apresentar a realidade que está presente nas manifestações, a partir das diversas
formas que os manifestantes veem o mundo, como por exemplo, a filosofia do
anárquico, que quando é atacada nas ruas, tem seu jeito de protestar contra o
Estado e a mídia que os tratam como pessoas anormais e os discriminam, não
aceitam o seu jeito de ser.
Essa mídia não percebe que o
manifestante da rua está na escola, ou passou por ela, adquiriu consciência crítica
e consegue fazer uma leitura de mundo, razão pela qual quando ele queima ou
apedreja é simbolizando o protesto contra o que dizem dele, ou como os tratam. Não são vândalos, mas protestos de jovens
que estudam, tem criticidade, filosofia de vida, detestam o Estado e querem ser
livre dele. Livres desse Estado burguês que o oprimem com todas suas
instituições. Livres do consumo capitalista. Livres das estruturas que os
reprimem. Portanto, não há vândalos e sim pessoas com
protestos contra o Estado (Executivo, Legislativo, Judiciário) e a mídia
extremamente incorporados à corrupção.
Dessa
forma entende-se que o jeito de queimar das manifestações de ruas, pode ser um
protesto ilegal, porém legitimo. Queima-se a péssima qualidade dos serviços,
inclusive da mídia.
O
que li, escrito por parte desses jovens, não é simples pichações e sim murais
onde expressam suas indignações e filosofia de vida e de ler o mundo.
É preciso entender que o que está
sendo queimado nos protestos, não é um simples ataque aos carros dos meios de
comunicação, mas à péssima qualidade dos programas de televisão que apresentam
as pessoas da periferia como gente “do mal”, com sangue e bala pra todo lado. Essa
imagem é apresentada em televisões e jornais mostrando a pobreza como
degradação humana e lixo da sociedade, como se todos fossem marginais. Então, o que está sendo queimado da mídia
nas manifestações, são os estereótipos das periferias, com sua programação de
sangue, bala e miséria humana. Essa juventude quer o reconhecimento das suas
qualidades, dos seus valores, da sua potencialidade, são pessoas que acreditam
num outro mundo possível.
A
simbologia dos manifestantes de rua quando viram e apedrejam um ônibus, não é
um simples ato de vandalismo como estão tratando e sim à revolta dos usuários,
pela péssima qualidade do transporte coletivo. No entanto, a sociedade um tanto
quanto hipócrita, acha que não é essa a forma, só que todas as outras já foram
tentadas pelas organizações populares, como não tem resposta satisfatória, o
radicalismo das ruas vai a extremidade possível, mostrar a necessidade de
mudanças.
É
esse o diferencial que a mídia não trás a análise e levam à criminalização, enquanto
que Estado apresenta como solução a repressão, estão aí às contradições da luta
de classes que chegaram às ruas.
Leonardo Sampaio
Educador
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