terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Carta ao Deputado Tiririca

Deputado Tiririca, Vossa Excelência em uma entrevista a uma revista, há alguns anos atrás, falava de sua história e lembrava que quando seu circo foi incendiado ao voltar pra Fortaleza, foi acolhido por pessoas do Bairro Jóquei Clube e passou a fazer apresentações em uma quadra. Quero aqui completar essa história que da qual fiz parte. No Circo com você tinha o Palhaço Atravessado que morava na favela da Fumaça e o malabarista Junior que morava na Favela da Entrada da Lua, locais onde vocês instalavam o Circo e tinha muito sucesso. Quando o Atravessado e o Junior chegaram do Piauí contaram o que havia acontecido com Circo e como já os conhecia de antes nos trabalhos das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs da Fumaça, solicitaram a mim o palco do Espaço Cultural Frei Tito de Alencar – ESCUTA, de pronto foi cedido e começaram a fazer apresentações, dias depois você chegou com sua companheira Rogéria e veio morar em uma Vila no Bairro Jóquei Clube bem próximo a minha casa. O Atravessado me apresentou o casal que queria também agendar um dia por semana para apresentações do Palhaço Tiririca e a Rogéria como contra-mestra, depois daí só se ouvia a meninada cantando “Florentina, Florentina... ou “Leite Ninho, leite Ninho...” Tiririca, com o sucesso imenso das apresentações no ESCUTA, sentamos algumas vezes pra conversar e surgiu a idéia de fazer ali uma Escola de Circo e decidimos elaborar um projeto e logo em seguida você e a Rogéria chegaram na minha casa com o projeto manuscrito, para eu digitar e corrermos atrás de captação de recursos, de patrocínio. Fiquei com esse projeto em mãos e ainda hoje tenho ele manuscrito, nem botamos pra frente porque vocês sumiram, mas logo me alegrei porque as rádios, jornais e televisão anunciavam os shows do Tiririca pela cidade. Um dia fui assistir, falei rapidamente com você e a Rogéria e nunca mais nos vimos.

Deputado Tiririca, o ESCUTA é hoje, uma Organização Não Governamental de fato e de direito, mas, mais do que isso, continua sendo o espaço de acolher a arte o artista e a produção cultural, é uma escola de leitura crítica da vida, do mundo e da cidadania. O Escuta nesse ano de 2011, em janeiro completou 21 anos de Tirada de Reisado nos bairros do Pici, em abril completa 31 anos de existência, em agosto completa 21 anos de Semana Cultural e em novembro 9 anos de registro como ONG.

Espaço Cultural Frei Tito de Alencar – ESCUTA

Rua Noel Rosa, 150 – Pici – Fortaleza – Ceará

Leonardo Sampaio – 8501-0330

Sócio Fundador do ESCUTA

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Serra do Juá

Autor: Leonardo Sampaio


A Serra do Juá me encanta,

Pelo clima do lugar

Pela beleza natural

E por poder olhar

Os três climas de Caucaia

Do mirante até a praia

De onde se ver serra, sertão e mar.

A Serra e a natureza

Encontram-se na cachoeira

Onde as águas cristalinas

Escorre na bananeira

Produzindo alimento

Que faz dali o sustento

Com labuta e brincadeira.

Na história da ancestralidade

Vem a cultura popular

Com a dança da cabaça

A tapioca e o mungunzá

E uma variedade de frutas

Nascidas entre as grutas

Que revestem o lugar.

O povo é acolhedor

Recebe a todos com carinho

O sorriso é sua marca,

É só passar no caminho

Pra sentir amorosidade

Que tem na comunidade

Parece pássaro no ninho.

A história não se acaba

Porém se renova

O que vem do passado

Agora se inova

No currículo escolar

Com nova história a falar

Aquela que povo contava.

Que é a história do grileiro

Após a escravidão

Do coronelismo na Serra

Fazendo violação

Aos direitos dos nativos

Fazendo deles cativos

Com a prática de exploração.

A libertação do negro

É uma luta constante

Saíram da escravidão

Pelas estradas andantes

Com trouxas pelo lombo

Formaram seus quilombos

Pra se livrar dos mandantes.

No Juá foi assim

No tempo da escravatura

Contava Dona Iracema

O que tinha de gravura

Da história do passado

Que na memória foi gravado

Desde a cultura até a bravura.

Essa história está avançando

Em busca de liberdade

A Serra tá se unindo

Lutando por igualdade

Juntando homem e mulher

Isso não é uma coisa qualquer

É a busca de uma nova sociedade.

A Associação é um instrumento

Que veio pra fortalecer

A luta do quilombo

Pro povo poder crescer

Com melhoria de vida

Prevendo a subida

De um novo amanhecer.

No Juá os sonhos se renovam

A Serra fica ativa

Com a Entidade oficializada

A comunidade se motiva

Pra construir um mundo novo

Com a luta do povo

E o carisma que cativa.

Novos projetos estão em vista

Aproveitando da Serra a beleza

O turismo é uma esperança

Que pode ser uma fortaleza

Com culinária, arte e cultura

Mudando assim a postura

Pra sua própria grandeza.

Os saberes científicos

Chegaram a Serra Juá

Por meio da UFC

Pra estudar o lugar

Com dois trabalhos produzidos

Que serão conduzidos

Para o aprendizado escolar.

A ancestralidade negra foi o topo,

Da pesquisa cientifica

Constatada nos costumes

Que do ancestral fica

A cultura e atitude

São provas da negritude

E a marca que identifica.

Tudo isso não é à toa

Agora vou registrar

Porque tudo aconteceu

De essa história mudar

Foi com o processo de eleição

E a mudança da Articulação

De um novo jeito de governar

Dr. Washington foi o pivô

Que trouxe a esperança

Para a Serra do Juá

Trazendo grande mudança

Construindo o calçamento

Que favorece o sustento

De homem, mulher e criança.

Agora peço licença

Pra essa história encerrar

Dizendo do compromisso

Que assumi com o lugar

Pra superar a pobreza

Tendo em mim a certeza

Que nada vai me intimidar.

Sou um cidadão de fé

Aqui e em qualquer lugar

Estarei fazendo justiça

Para os pobres melhorar

Colocarei meu saber

Como uma missão e dever

Que Deus me determinar.

Caucaia, 18/09/2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pret@gogia no quilombo: Pedagogia de preto para preto e branco.

Geranilde Costa e Silva
geleu@superig.com.br

O município é o espaço geográfico e político onde se inicia a promoção do desenvolvimento sustentável, tendo em vista que, obrigatoriamente estes elementos passam pela educação de qualidade, inovações tecnológicas e pertença do conhecimento. Para o município alcançar este estágio, cabe à Educação investir em um projeto político pedagógico que permita avançar para um projeto político popular que leve esse conhecimento até as populações mais vulneráveis para permiti-lhes a superação da pobreza. Neste sentido, a educação dos municípios de Caucaia, Novo Oriente, Pacajus, Fortaleza e o Projeto Mova Brasil (Pólo Ceará), saem na frente, avançando na área da Pret@gogia, que é um referencial teórico metodológico construído para o Ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira. A Pret@gogia foi gestada pelas professoras Ms. Geranilde Costa e pela Dra. Sandra Petit, ambas pertencentes ao Núcleo das Africanidades Cearenses (NACE), grupo ligado à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, para desenvolver o I Curso de Especialização Pós-Graduação Lato Sensu História e Cultura Africana e dos Afrodescendentes para Formação de Professores de Quilombos (financiado pelo MEC/SECAD).

Neste Curso, Caucaia destacou-se com 04 (quatro) trabalhos científicos. Desses trabalhos dois tiveram como interesse de pesquisa Identificar a presença das Africanidades nas Brincadeiras e Brinquedos, de ontem e de hoje, em áreas quilombolas. Sendo que estes foram desenvolvidos junto aos Quilombos do Cercadão e da Serra do Juá, ambos localizados no referido município. Sendo que a primeira pesquisa foi desenvolvida pelos Professores Leonardo Sampaio e Iran Gomes e a segunda pelas Professoras Antonia Nazídia Rodrigues, Maria Mesquita Silva e Marlúcia de Freitas. Já a pesquisa desenvolvida pelas educadoras Cláudia de Oliveira, Vera Lúcia Matos e Adriana Leite, buscaram conhecer o Ser Negro para quilombolas da Serra do Juá, e as educadoras Maria Eliene Magalhães e Raimunda Nonata Santos, trataram de evidenciar seus Aprendizados e as conseqüências destes para suas práticas pedagógicas (dentro e fora da sala de aula) e também na vida pessoal.

Foi fundamental o empenho do Governo Municipal de Caucaia, através da Secretaria de Educação, Secretaria de Governo e Articulação Política e o Projeto MOVA-Brasil para que esse Curso pudesse chegar ao Município e envolver professoras e professores. Docentes que se tornaram heróis, não medindo esforços para conseguirem se deslocar de Caucaia até os Quilombos de Minador e Bom Sucesso (ambos localizados em Novo Oriente) e também até a Serra da Rajada (Caucaia). Esses educadores e educadoras viajaram por estradas empoeiradas carros Pau de Arara durante os fins de semana, sacrificando o descanso, o lazer e a família até conseguirem concluir com êxito finalizar seus estudos e pesquisas. Não podemos aqui deixar de dizer e também agradecer o empenho de nossas orientadoras as professoras Geranilde Costa e Sandra Petit, que foram magníficas na condução das pesquisas e na elaboração dos produtos pedagógicos (material pedagógico produzido sobre as temáticas pesquisadas e que serão entregues às comunidades, bem como as escolas desses quilombos) .

Com a formação destes educadores e educadoras os referidos municípios conseguiram dar grandes e significativos passos no sentido de garantir a Formação de Professores para o cumprimento da Lei Federal nº. 10. 639/2003, que determina o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana na Educação Básica, nas redes públicas e particulares, em nosso país.

Caucaia, 09/06/2011



Graduada em Pedagogia (UECE). Professora da rede municipal de Fortaleza. Mestre e doutoranda em Educação, estudando acerca da Inclusão da Cultura Afro-cearense no Currículo da Educação Infantil e Ens. Fundamental I. Professora colaboradora do curso de Pedagogia das Faculdades INTA.



Pedagogo. Assessor da Secretaria de Governo e Articulação Política do município de Caucaia (Ce), professor da rede municipal de ensino de Fortaleza, educador popular.


Dra. em Ciências da Educação (Paris VIII). Professora da Faculdade de Educação da UFC.

A pobreza e as etnias


Leonardo Sampaio
Educador e gestor público

A história da humanidade no Brasil, desde a invasão europeia, trás um cunho teológico definido com o ideológico que traduz a divisão de raças. Se não, vejamos: No império índio não tem alma, na escravidão, negro também não tem alma, portanto podem ser tratados como animais pelos aristocratas, nobres e senhores. Já no feudalismo índios e negros passam a ter alma, por decreto papal, no entanto, as igrejas cristãs falam para estas etnias que Deus os criou pobres por sua vontade, ou seja, como pessoas inferiores, que precisam se conformar com a vontade do pai. E ainda argumentam: “Assim como o rico precisa do pobre, o pobre também precisa do rico, um não pode viver sem o outro”. Dessa forma, o cristianismo prega que a criação divina já deixou determinada que a sociedade tem que ser dividida em classe por vontade do criador. Veja aí a intencionalidade ideológica e teológica patriarcal que cria um deus, um tanto perverso na distribuição de suas riquezas, ele admite a riqueza e a pobreza como uma coisa natural da criação divina. Esse discurso, vem do cristianismo pentecostal que afirma para os povos das etnias que a propriedade e o acumulo de bens fazem parte da sabedoria do homem e dos dons que Deus os deu e quem violar a lei divina será condenado ao purgatório ou ao inferno. Isso, pra dizer, que o acumulo de riquezas é intocável. No entanto, o filho de Deus, Jesus Cristo diz o contrario disso aí, quando fala: ”Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância (João 10-10)”.
Essa teologia discriminatória e excludente, é a que encontra o deus capitalista, onde os valores são a partir do Ter, do individualismo e do consumismo em que o indivíduo tem sua função na sociedade, relacionados com a contradição entre trabalho, capital e mais valia e que tudo vira mercadoria, até a mão de obra. Essa sociedade sempre assegurou aos ricos as tecnologias modernas e aos pobres trabalhos braçais e a reprodução para mão de obra. Dessa forma podemos dizer que a raiz da pobreza e miséria vem desses modelos teológicos, sócios, político, econômico excludentes. São modelos que agravam a desigualdade com as tecnologias modernas reduzindo mão de obra e produzindo Seres descartáveis, jogados ao relento ou recantos inabitáveis, como: beiras de mangues, morros, serras, pé de serras, com porteiras e cercados, parecendo depósitos de pessoas inúteis para o mercado consumista e de trabalho.
As principais vítimas destes modelos políticos e econômicos, desde o império à república, são os índios e negros onde as necessidades básicas são negadas pelo Estado, como: saúde, educação, tralho e renda, terra para plantar e morar com dignidade. Estes só passaram a ter direito do Estado na constituição de 1988, para assegurar as necessidades básicas da pessoa humana, até porque o Estado sempre foi governado pela elite detentora do capital e os impostos arrecadados utilizados conforme os interesses desta classe, em detrimento aos direitos da grande maioria da população.
Portanto, para erradicar a pobreza, necessita inverter essa lógica de concentração de capital a partir do município que é o lugar onde as pessoas vivem. É no município que está às contradições de classes em todos os níveis e é dele que deve partir as soluções para as desigualdades e exclusões sociais. “O autêntico cristão deve consolar os aflitos e afligir os consolados e acomodados”. Dom Tonino Bello, bispo da diocese do sul da Itália.
22/05/2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A pobreza e o município

Leonardo Sampaio
Educador, pesquisador e gestor público.

A discussão provocada pela Presidenta Dilma Rousseff sobre a erradicação da pobreza é uma coisa possível, desde que seja tratada com políticas públicas específicas e prioritárias no âmbito dos governos municipais, estaduais e federal. A experiência do modelo de desenvolvimento implantado no Ceará desde o Governo Tasso Jereissat, relacionado com a industrialização, como forma de elevar o PIB (Produto Interno Bruto) do Estado, é contraditória com a política de inclusão produtiva, ela não significa erradicar pobreza, mas sim, concentrar renda e aumentar a exclusão da pessoa humana, elevando o índice de pobreza daquela população que se encontra distante das tecnologias ditas de ponta e é aí onde se encontra a dita pobreza pesquisada e falada nas academias e palanques eleitorais.
Os eixos das ações devem estar no município, porque é ali onde moram as pessoas e é nele que a riqueza se expande e também a extrema pobreza. Pobreza gerada no antagonismo da economia capitalista de consumo, com incompatibilidade dos princípios à vida. Portanto, erradicar a tal pobreza junto a estas populações, precisa partir do município e o custo público é mínimo, comparado aos grandes investimentos no agronegócio e industrias em todo o país. A esperança reside em uma economia solidária capaz de expandir a riqueza com inclusão produtiva que eleve o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) proporcionando autoestima e resultados sociais imensuráveis. Para isso, basta vê-los como sujeitos e ajudá-los no desenvolvimento de tecnologias adequadas ao que já sabem fazer, utilizando sua própria matéria prima, a partir da cadeia produtiva. É aí onde entra às políticas públicas com técnicos e tecnologias, para capacitá-los no gerenciamento capaz de assegurar produtividade, qualidade e comercialização. Nesse aspecto o Estado terá de assegurar infraestrutura dos espaços físicos, maquinários e acesso ao deslocamento da produção e a visitação da clientela, permitindo assim, a sustentabilidade. Para os poderes públicos isso é muito simples concretizar, necessita apenas desenvolver nestas comunidades, formação científica aos seus moradores, capacitação sócio-economico-ecoambiental e tecnológica e assegurando infraestrutura necessária para o seu desenvolvimento como é feito no Complexo Industrial do Porto do Pecem, instalado no Ceará, com garantias desde a água, comunicação e acesso com estradas, ferrovias, porto e aeroporto.
É no município onde se identifica que às origens da grande maioria das pessoas em estado de pobreza são de descendência indígenas e negras que vêm do campo. É um povo que não tive acesso a terra, estudo, emprego e renda. No campo, eram agregados, meeiros ou pequenos proprietários da agricultura familiar de subsistência e que por falta de incentivo e infraestrutura alguns passaram a morar em vilarejos no interior, próximo a terra produtiva, mas sem o direito de usufruir da produção. Outra grande maioria se deslocou para os centros urbanos, sem nenhuma qualificação profissional para mercado de trabalho, causando grande inchaço nas cidades e proporcionando sofrimento e todas as carências humanas de sobrevivência.
Esse diagnóstico, revela a necessidade de adequar políticas de desenvolvimento sustentável dentro das comunidades camponesas, que vai desde os saberes da educação fundamental até a formação científica e tecnológica, para os jovens da comunidade poderem participar de toda cadeia produtiva, desde a preparação da terra, a plantação, em que o produto como a mandioca passe pelo beneficiamento da farinha e outros derivados e saia dali direto para o consumidor. Onde a macaxeira agregue outros valores como o palito para ir direto para o mercado e que a produção do algodão seja fabricado no tear, até chegar costureira e entrar no mercado atacadista e varejista. As frutas sejam beneficiadas com doces, popas e bolos. Os legumes de alimento humano e animal tenha a qualidade até chegar ao abatedouro de animais e a pasteurização do leite. Na cidade por exemplo: os catadores de materiais recicláveis, possam receber em um galpão adequado, a produção da coleta seletiva, feita pela sociedade e a prefeitura e ali ser posto máquinas de beneficiamento industrial, de forma que assegure o desenvolvendo com sustentabilidade ecológica e renda suficiente para uma melhor qualidade de vida aos trabalhadores/as.
Os exemplos colocados do campo e da cidade, apenas simbolizam que é possível resolver a erradicação da pobreza com coisas simples e estimular o desenvolvimento local e planetário com produção de alimento e o reaproveitamento de toneladas de produtos recicláveis que geram riqueza e estão hoje indo para os lixões, por falta de políticas publicas nos municípios voltadas para retirar pessoas da estrema pobreza. Dá até pra pensar que isso é por preconceito contra as etnias, que antes eram exterminadas em aldeias ou quilombos, onde as elites tomaram suas terras e os poderes constituídos não lhes ofereceram alternativas, nem mesmo moradia, educação, saúde e alimentação. São esses os Seres excluídos, violentados pelo sistema econômico e considerados violentos pela sociedade, em plena páscoa.
Não estão colocadas aqui idéias, mas experiências existentes, que só precisam serem disseminadas nos municípios para contribuir com a erradicação da pobreza.
Esse texto foi inspirado ao visitar comunidades negras, indígenas, ciganas, camponesas e faveladas no município de Caucaia. Ver e ouvir depoimentos de pessoas afirmando que: a maioria das populações ali existentes, fazem parte dos programas de transferência de renda dos governos, revelando assim, o atestado de extrema pobreza. Enquanto isso, olho para o lado e vejo a terra, olho para o outro e vejo o lixo desperdiçado, olho para cima e vejo o planeta aquecendo, olho para baixo vejo a violência, olho no olho e vejo a miséria, por isso não consigo fechar os olhos diante da ganância e do egoísmo. Foi assim que Deus me fez e os espíritos me guiam.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ensinamentos cristãos não servem para política no Brasil

Leonardo Sampaio

Já dizia Sócrates, “política é a arte de fazer o bem comum”, portanto fazer política deveria seguir essa filosofia, no entanto o fazer política exige lado, opção ideológica, compromisso, modelo econômico como diz a Campanha da Fraternidade de 2010, com os ensinamentos de Jesus, “É impossível servir a dois senhores”. Infelizmente os ensinamentos de Jesus não servem para a política no Brasil, haja visto o posicionamento nas alianças eleitorais em que neoliberais, socialistas, comunistas, desenvolvimentistas, conservadores se misturam e aí já não é mais servir a um ou dois, mas a uma constelação infinita de interesses pessoais e oligárquico familiares ou partidários em busca dos impostos do povo para se locupletarem. Neste caso mais uma vez Jesus é traído, já que sua atitude política ao identificar o desmando do estado “começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores. Não está nas escrituras: Minha casa será chamada de casa de orações para todos os povos? No entanto vocês fizeram dela uma toca de ladrões (Marcos 11, 15-19)”. Foi aí o tempo onde ele “se fez homem e chamou doentes, mulheres que eram descriminadas, os trabalhadores pescadores, carpinteiros, pedreiros, agricultores e multiplicou os pães, os peixes e o vinho para alimentar os famintos”. Esse exemplo é muito interessante para o momento político atual das disputas eleitorais, quando os discursos começam a definir as classes sociais na cata ao voto, e a falácia mais sensível para comover a sociedade é direcionar aos pobres, por serem vulneráveis exatamente às políticas públicas do Estado, que teria o papel de distribuir os impostos arrecadados de forma igualitária como direitos de todos à felicidade. O Lula lançou o Programa Fome Zero e agora a Dilma diz que país desenvolvido é país sem pobreza. Como eliminar fome e pobreza sem tirar riqueza das fortunas? Dinheiro não se inventa, ele existe, a questão da pobreza é a concentração e o próprio estado é quem mais investe fortunas no agronegócio, em salvar Bancos, indústrias que são lugares por onde escorre o sangue do miserável e da pobreza com a corrupção generalizada em todas as instancias de poder do estado. Mais uma vez está à contradição cristã com a política “toda a riqueza produzida é distribuída de acordo com suas necessidades (Atos 14).

Os falatórios bonitos com cunho de defesa de classe social passam a confundir cada vez o eleitor que só entende de economia quando vai à bodega, a farmácia, paga o aluguel, a prestação e a barriga aperta. Esse eleitor é o que fica mais embananado, vulnerável e qualquer favor pode virar voto, até um caixão de defunto. E assim os corruptos chegam ao poder.