Leonardo Sampaio
Educador Popular
Não pude ver coisa pior na política do que um segundo turno, parece um mercado de negócio, uma feira de venda e troca.
Vivi a experiência de segundo turno na disputa eleitoral entre Inácio Arruda e Juracy Magalhães. Estava lá na coordenação da campanha e presenciei uma avalanche de candidatos a vereadores, partidos políticos, religiosos, cabos eleitorais todos perdedores das campanhas adversárias. Eles vão chegando à porta do candidato propondo negociata dos votos que se dizem proprietários e transformava-os em mercadoria pra negócio, sem o mínimo de pudor, princípio, nem ética na política.
É na cara de pau, muitos falam que já foram no adversário negociar, mas não chegaram a fechar o negócio, outros dizem: “eu vim aqui fazer uma oferta de negócio, se não der certo eu vou no outro candidato” e aí vão apresentando as vantagens do seu produto e chegam até dar garantia do volume de votos.
Os custos do produto variam de acordo com o perfil de quem oferta, do volume ou até da necessidade.
Quando o dono do produto é uma instituição religiosa ou “pilantrópica” normalmente a venda é a dinheiro vivo. Quando é instituição política, o custo são cargos na gestão e quando é pessoa física, o próprio candidato ou cabo eleitoral é o valor em moeda viva.
E o pobre eleitor não sabe de nada disso, mas também faz suas exigências que variam de acordo com seus padrões de vida, é uma escola, uma creche, infra-estrutura, é moradia, atendimento médico de qualidade, educação de qualidade, política de turismo, é geração de trabalho e renda, bolsa família, cursos de qualificação profissional, créditos financeiros e uma variedade de outras cobranças que assegurem qualidade de vida.
Fortaleza está livre do segundo turno, o eleitorado fez um grande bem a essa Cidade ao decidir a eleição no primeiro turno.
Sabemos o quanto sofremos na gestão ainda em curso, com os produtos políticos de pouca qualificação técnica para as funções e que transformaram os cargos em trocas eleitorais, principalmente nas regionais. São gestões inoperantes e o eleitorado tem outro perfil mais exigente sobre o gestor, ele quer política pública com qualidade de vida.
Mas parece que esse perfil técnico de gestão pública, não perpassou pelas regionais de Fortaleza, talvez tenha sido porque a prefeita foi eleita em um segundo turno, onde as negociatas políticas institucionais se deram e os gestores indicados para as regionais faziam parte das compensações de derrotas eleitorais dentro dos partidos e a gestão passou a ser uma coalizão com negociações de cargos.
Nas Regionais, cada uma era de um partido e os gestores indicados todos tinham perfis eleitorais pessoais, o que é fácil de ser identificado, basta denominar por Secretaria, na I - PC do B, Mariano de Freitas, na II – PSB, Rogério Pinheiro, na III – PV, Marcelo Silva, na IV – PT, José Maria e Deodato Ramalho, na V – PDT, Oriá, na VI – PSB, Mindelo.
O resultado desse modelo de gestão da prefeita foi muito precário do ponto de vista técnico, de estudos das ações executadas, os vícios internos da máquina permaneceram e ainda com péssima qualidade.
A prova disso: basta ver os resultados eleitorais de vereadores, todos estes secretários das seis regionais, foram candidatos a vereador e nenhum foi eleito, o mesmo aconteceu com o segundo escalão das Regionais, Luis Arruda, Prof. Elói, Manoel Carlos e até o Almir (talvez tenha outros que não identifiquei).
Há um outro alinhamento político de gestão pública local que é o vereador dito “do bairro”, que sempre se utiliza dos equipamentos públicos para fazer currais eleitorais. Nessa eleição, o eleitorado rejeitou essa tradição, vejamos: Maurício Assêncio, Didi Mangueira, Cacá, Hélder Couto, Narcilio Andrade, Nelba Fortaleza, Alri Nogueira, Carlinho Santana e outros ainda anônimos na mídia.
Espero que Fortaleza nessa gestão sem segundo turno, se defina pelo perfil técnico, de amadurecimento profissional e execução das políticas públicas.
Uma gestão capaz de contribuir com a desconstrução do estado burguês, que avance na construção de uma sociedade organizada, livre, soberana, igualitária, gestada pelo o poder popular.
Fortaleza, 07/10/2008
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