Leonardo Sampaio
Virou modismo no Brasil, se falar em corrupção e
atribuir ao governo Lula e Dilma de serem os inventores do tal descalabro na
gestão pública. No entanto, já era comum se dizer que todo político é ladrão. Essa
é uma acusação que se dá, devido as práticas visíveis nos superfaturamentos de
obras e serviços executados pelas prefeituras, e pelo fato de o município ser a
primeira instância de poder público mais próxima da sociedade, fica fácil das
pessoas perceberem as ilicitudes, como: as riquezas dos gestores incompatíveis com
os salários, o dinheiro fácil circulando na compra de votos, tanto nas esferas
do executivo, como no legislativo.
Diante disso, o que acontece com o eleitor/a sobre
esse dinheiro fácil no município? Na verdade, pouco importa ao eleitor/a, a
origem dele. Isso porque, esse dinheiro vira uma moeda de negócio que envolve
várias pessoas e de alguma forma parte dessa moeda é distribuída entre
eleitores/as, muitas vezes sem chegar no bolso das pessoas, por ser
transformada em favores e é esse favor que vira voto fiel, como agradecimento.
Esse voto,
talvez seja o mais complicado, porque ele parte de uma necessidade simples e
dele nasce o político ladrão. E esse eleitor não se acha culpado por isso, ele é um tipo de eleitor, que não interessa as
consequências do voto, o importante para ele, é ser honesto com quem lhe serviu
na hora precisa. O grave na atitude desse eleitor/a, é quando a pessoa a quem
ele/a deve o favor, não é próprio político em que ele/a vai votar, mas sim, o
atravessador, o negociante dos votos, o chamado cabo eleitoral, e nesse caso
esse tipo de eleitor do favor, vota em quem ele indicar.
Esses casos acontecem muitas vezes sem que o eleitor
nunca tenha nem visto o político em quem votou. Este, é um dos caminhos
traçados pelos corruptos na caça dos votos, porque ele sabe que envolve as
famílias e que um favor, geram vários votos seguros. Tem político que tira
vários votos em um município sem nunca ter ido lá, simplesmente porque fez
favor a alguém que tem famílias e amigos. São os eleitores que votam sem medir
consequências. É o chamado analfabeto político.
Além destes votantes, há inúmeros perfis de
eleitores, uns despolitizados, outros corruptos, alguns ingênuos e esses são os
eleitores/as que elegem a corja de bandidos para os poderes executivos,
legislativos e ainda influenciarem na
formação do judiciário, colocando seus pares ideológicos para particularizar os
poderes públicos, como ocorre no Brasil de hoje.
Dessa forma, podemos até entender que é da inocência
de pessoas e da maldade de outras, que a elite se elege e constitui o pior
Congresso brasileiro de todos os tempos, o mais conservador, o mais corrupto, o
mais despolitizado, o de maior número de empresários, de fundamentalista,
ruralista, banqueiro, lobista, sindicalista pelego. Todos financiados por grupos econômicos.
Nesse contexto é que foi formado o perfil da maioria
do parlamento eleito em 2014 com o propósito de numa campanha já montada e
articulada para a ofensiva estratégica de desmantelar o projeto
desenvolvimentista em curso no país desde 2003, o projeto liderado pelo PT que
elevou a qualidade de vida dos pobres e desarticulou o modelo econômico
internacional sanguessuga das riquezas do Brasil, sob o comando do mercado Norte-americano
e Europeu. O projeto que abriu novas fronteiras para outros continentes, antes
isolados do país e que assim passou a promover riquezas divisas, soberania e
auto estima da sociedade brasileira.
Com esse projeto
o Brasil se inseriu na formação do BRICS para formar uma economia independente,
sem amarras do Euro e o Dólar. Foi essa política que incomodou a política e o
grande empresariado americano com interesses na privatização neoliberal, para
levarem o petróleo e outros produtos brasileiros rumo ao capital estrangeiro.
E o eleitor i que tem haver com isso? Essa é uma discussão
que pouco importa para o eleitor que está lá nos municípios vivendo nos
sertões, nos grotões, nas favelas, na periferia, nos campos, nas parafinas e
ribeirinhos entregues à própria sorte. Para esses, qualquer favor lhe agrada e
serão gratos com o único poder que tem, o voto. O que ainda lhes libertam, são os
benefícios das políticas públicas compensatórias, mas quando a inflação corrói
o pouco que tem, não dá para compreender que é uma crise do capitalismo
internacional e que a mídia mente para influenciar no seu voto.
No entanto, é necessário perceber que todo e
qualquer eleitor é municipalista, seja do campo ou da cidade, é lá onde ele
mora, vive e convive com as outras pessoas, faz a política de vizinhança,
percebe o que está em sua volta, arranja emprego, compra produtos, encontra a
espiritualidade, constitui família, vota e elege os representantes, para
gerenciar seus impostos e legislar normas de controle e fiscalização do
funcionamento dos bens patrimoniais públicos e de desenvolvimento local. Então,
a responsabilidade do eleitor com o seu próprio futuro e dos outros é de muita
importância no momento de votar. Se existe corrupto, a responsabilidade é do
eleitor em seu município, porque lá que se elege.
De Abaiara a Fortaleza não há nenhuma diferença, porque
o analfabeto político sempre está presente, e é como ele que o corrupto se
elege, comprando votos da pobreza com pagamento de receitas, prestações,
óculos, dentaduras, tijolo e os dois o que compra e o que vende são corruptos
do mesmo jeito.
Se houvesse consciência de classe, nenhum empresário
se elegeria, ou até mesmo seus aliados.