O registro escrito da história de comunidades é sempre coisa rara de acontecer, até mesmo a história de Jesus Cristo foi escrita anos após sua morte, elas não morrem porque fica guardada na memória da comunidade e passa a ser contada oralmente de pessoa pra pessoa, seja em roda de conversa ou entre famílias. No Pici fui buscar essa oralidade na história da Fumaça e das CEBs Frei Tito que foi transformada em livro no ano de 1993 com o titulo: “Resgate Histórico das CEBs, na Comunidade Frei Tito de Alencar”. Inicialmente ele trás a história da Favela da Fumaça contada pelos primeiros moradores da localidade, é uma história curiosa por se relacionar com a cidade remontando as ocupações de terras em Fortaleza no inicio da década de 1960, mais precisamente em 1962, em que temos o conhecimento da marcha do Pirambu no mesmo ano. A ocupação da terra na Fumaça se deu por famílias negras migrantes da Região Centro Sul do interior do Ceará, que migraram para a Capital em busca de melhores condições de vida.
O livro em outro momento mostra a chegada das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs na Favela da Fumaça na década de 1980, com um outro jeito de ser Igreja, apresentando uma profecia comprometida com a causa e a luta dos pobres a partir da Teologia da Libertação, vislumbrando uma fé engajada na busca da emancipação humana a partir dos pobres, tendo como base orientadora a vida dos primeiros cristãos, em que “todos trabalhavam produziam e dividiam de acorda com suas necessidades”(ats 14.12).
O livro revela ainda que a partir de uma fé contextualizada na história do povo, é possível construir uma nova história de lutas em busca da “terra prometida” que começa com Moises na África, lá no Egito, reunindo um grupo de pessoas escravizadas pra ir à luta e que na Favela da Fumaça, quando a profecia chegar com as CEBs, à luta reinicia com o mesmo povo afrodescendente que na sua ancestralidade foi escravizado e aqui retoma sua história a partir da fé com a leitura teológica formadora de opinião critica sobre realidade e reflete a partir do VER, JULGAR e AGIR que leva a construção de um novo processo de organização popular reunindo os sem tetos, sem terra, sem emprego, sem educação, sem saúde e tantos outros sens. Com isso as pessoas inventam e reinventam seus instrumentos de lutas e vão se engajando por meio do movimento popular, partidos político e começam a enfrentar o peleguismo comunitário, sindical, o conservadorismo religioso, político e a própria ditadura militar, na época.
A mensagem do livro é o encontro com as práticas transformadoras de mentes e ações que começam a incomodar a Igreja conservadora local e as instituições representativas da Ditadura Militar implantada no país, que se fazem presente na localidade com políticas assistencialistas amortecedora da indignação e promotora da acomodação com promessa de um céu tranqüilo e acolhedor para os que sofrem com a pobreza e a miséria. Esse trabalho era realizado na Igreja templo por agentes pastorais e o pároco e por técnicos da Fundação do Serviço Social da Prefeitura de Fortaleza, por meio do CSU César Cals, num confronto político ideológico e teológico segundo o livro.
SEGUNDA EDIÇÃO
Esse livro está com sua primeira edição esgotada e pretendo editar a segunda edição com atualizações históricas para reabastecer as bibliotecas das escolas públicas locais, particulares, comunitárias e demais interessados que queiram participar desse banquete literário com a história do povo e suas lutas populares, tendo o livro como fonte para saciar a fome de saberes e vivências comunitárias, culturais e de fé revolucionária.
A procura de editora.
Leonardo Sampaio
Escritor, poeta, educador e pesquisador popular
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