sábado, 17 de julho de 2010

Periferia em cena com Escambo e Escambito

Fortaleza, 17 de julho de 2010

Leonardo Sampaio

Manifestações da arte e cultura popular brasileira são acolhidas pelo Espaço Cultural Frei Tito de Alencar – ESCUTA no bairro Pici, em Fortaleza, com a apresentação da peça de teatro Jogueiros, que conta a história do bairro no olhar da juventude contemporânea. São cerca de 400 artistas de rua de diversas cidades e estados do Brasil que estão na capital, por meio do Movimento Escambo de Arte e Cultura em sua 26ª edição. O Escambo é um espaço de agregar as diversas linguagens da arte e cultura popular de rua, em uma cidade qualquer e ali simultaneamente várias atrações são apresentadas em ruas e praças e assim, a festa popular acontece com a beleza da arte e da cultura enraizada e resgatada pelo artista que faz rir, faz brincar, traz alegria, conta história e faz poesia.

O Escambo está em Fortaleza por meio de grupos culturais que formam o movimento de rodas de rua com diversas expressões artísticas culturais. São grupos que nascem em projetos de ONGs com foco no resgate da cultura popular e daí surgem os talentos artísticos e arte educadores, como é o caso do ESCUTA que em agosto 2010 completa 20 anos de Semana Cultural e que é realizada através da troca solidária, onde os artistas se encontram se conhecem e conhecem as artes uns dos outros e assim são convidados a visitarem as experiências em suas próprias comunidades, o que leva a formar laços de amizade entre instituições, técnicos e artistas fazendo com que comece uma mobilidade entre os grupos e aí, vem à necessidade de discutir as questões em comuns, razão pela qual surgiu a formação do Movimento Periferia-em-cena que descambou para o Escambo e que hoje faz acontecer durante o ano várias manifestações programadas nos bairros, denominadas de Escambito.

O Escambo acontece em Fortaleza de 15 a 18 de julho de 2010 e é a primeira vez que vem para uma Capital, sendo acolhido durante o dia em diversos bairros e a noite faz a festa acontecer no Pici, onde estão alojados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Adroaldo Teixeira, Escola que também abriga o Maracatu Nação Pici. A escolha do Pici se deu, por ser um bairro com manifestações culturais à flor da rua, com: reisado, maracatu, quadrilha junina, folclore, percussão, pastoril, teatro, musica, capoeira, poesia e um banquete literário. É o bairro que também acolhe a Campus do Pici da UFC, que vive entre muros de olhos fechado para o seu entorno, mesmo assim, os jovens escutam sussurros e pulam pra dentro para provar do saber cientifico e fazer o escambo com o saber popular.

Leonardo Sampaio é pedagogo, poeta, escritor e educador popular.

Serra da Rajada e a africanidade cearense

Caucaia, 01 de Julho de 2010

Leonardo Sampaio

A Serra da Rajada no município de Caucaia vem acolhendo o principal núcleo científico de estudo sobre a africanidade cearense da Universidade Federal do Ceará – UFC. A Serra se caracteriza pelas suas belezas verdejantes e um potencial de árvores frutíferas por onde as águas cristalinas correm livremente constituindo cachoeiras e córregos com piscinas naturais em um solo fértil de vida orgânica com fauna e flora própria de uma natureza viva que acolhe sorridente o afrodecendente que ali reside e aprecia nas manhãs, o serrote da Rajada com seu orvalho umedecendo o ar e nublando o verde com imagens entre nuvens que se misturam aos raios solar do fim de tarde, onde o universo planetário nos traz o luar estrelado nas noites serranas cheia de espiritualidade dos orixás, da mãe terra, do Pai tupã e o Deus que abençoa a vida em comunhão, justiça e fraternidade.

A Serra da Rajada é também marcada pela escravatura, onde os escombros das senzalas e os casarões registram a presença do coronelismo com a cultura do café, que pode ser identificado pelos imensos pilões existentes na Casa Grande. Já a Capela ao lado da Casa simboliza a unidade do escravismo com cristianismo para espantar Exu e Orixás que espiritualizam com oferendas a alma negra africana nas matas do topo da Serra.

Esta Serra calada e escondida nas suas entranhas e belezas precisa ser institucionalizada como Área de Preservação Ambiental – APA, podendo ser tratada também como patrimônio histórico de Caucaia, do Ceará, do Brasil e da humanidade para tornar-se mais um instrumento de bem viver do planeta.

Na busca de dar passos nesse sentido o Governo Municipal de Caucaia, começa a incentivar um turismo científico comunitário, que acontece de 12 a 23 de julho de 2010 com o Curso de História e Cultura das Comunidades Quilombolas e Africanidade promovido pelo Núcleo de Africanidade Cearense – NACE, do Departamento de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC. O Curso tem por objetivo formar professores com especialização em culturas afrodecendente, costumes e religiosidade, para que estes atuem em escolas de comunidades quilombola.

A Educação liberta e transforma.

Leonardo Sampaio é Pedagogo, pesquisador, poeta e Assessor da Secretaria de Governo e Articulação Política de Caucaia