TEXTOS e POESIAS

domingo, 3 de janeiro de 2016

Origem do Reisado e o Reisado do ESCUTA

Leonardo Sampaio

O Reisado tem origem na África, no Egito. As primeiras manifestações se deram em uma festa egípcia chamada de Festa do Sol Invencível, comemorada em 6 de janeiro e considerada uma festa profano-religiosa. Essa data, no calendário do catolicismo, é celebrado a Epifania, dia em que Jesus Cristo se manifesta a todos os povos.
Na tradição, essa data foi o dia que os Três Reis Magos do Oriente, Baltazar, Melchior e Gaspar (Mts 2), enquanto sábios, representando toda a humanidade daquela época, chegaram a Jerusalém para visitar o Menino Jesus e perguntaram ao Rei Herodes: "Onde está o Rei dos Judeus, recém-nascido? Vimos sua estrela e viemos adorá-lo". Traziam presentes para ofertar ao Menino Jesus: ouro, incenso e mirra, simbolizando a realeza, a divindade e a imortalidade do novo Rei. Para os judeus, não poderia existir um Deus, que seja de todo o mundo. Herodes logo tramou, disse aos Magos, que ao retornarem dessem notícias sobre o Menino. Os Magos não retornaram com a informação e o Rei determinou que todos os meninos de Jerusalém com idade até dois anos, seriam mortos. Esse foi o primeiro atentado de morte contra Jesus Cristo e ele escapou.
Na Europa o dia 6 de janeiro passou a ser a data comemorativa católica mais importante do que o próprio Natal em 25 de dezembro, fixado como dia do nascimento de Jesus Cristo. E foi de lá que o Reisado chegou à América-Latina, através da Espanha e de Portugal. “Na Europa inteira é feriado no Dia de Reis”.
No Brasil, o Reisado foi trazido por Portugal e se espalhou pelas regiões com muitas variedades, se adaptando às diversas culturas dos povos de cada localidade. No Nordeste o Reisado vai se misturando às culturas afrobrasileira, indígenas e europeias que se juntam aos tambores e aos benditos ritmados pelo: zabumba, violão, ganzá, agogô, pandeiro e triângulo. São instrumentos utilizados em terreiros e igrejas cristãs, o que revela o encontro da Umbanda, do Candomblé, do catolicismo e o indígena.
No Pici, bairro de Fortaleza, até a década de 1980, o Reisado de porta em porta era “tirado” por grupos de jovens da Igreja Católica e por um grupo de pessoas negras, de terreiro, que migraram de Iguatu, no Ceará.
Na década de 1990, a Comunidade Eclesial de Base Frei Tito, transforma a Escolinha, em Espaço Cultural e vai pesquisar entre os moradores do Pici, o que conhecem de cultura popular. Dessa forma, foi encontrado o Reisado do interior do Ceará, adormecido no espaço urbano na mente e no coração das senhoras que viveram da infância e a juventude ouvindo e cantando músicas de reisado e foi por meio delas que nasceu o Reisado do ESCUTA – Espaço Cultural Frei Tito de Alencar, que completa 26 anos em 2016. O Reisado do ESCUTA criou forma própria com cores, ritmos e arranjos, hoje registrados em vídeos, livros e três CDs, além de jornais, canais de televisão, blogs e sites.
Festa de Santos Reis no ESCUTA
Para comemorar esse tempo histórico, no dia 06/01/2016 o ESCUTA tem uma programação iniciando às 19hs, com lançamento de um CD autoral, com a presença de Jairo de Carvalho e Elaine do CEBI-Centro de Estudo Bíblico e do Maracatu Solar, Pingo de Fortaleza cantor e fundador do Maracatu Solar, Eliane Brasileiro cantora e vocalista do mesmo Maracatu, Ângela Linhares cantora e fundadora do Canto em Cada Canto, Auri Pereira cantora que participou do CD Jogueiros, de produção ESCUTA e tem mais o Grupo de Percussão do ESCUTA composto por Luan Sampaio, Wendel Lima, Saulo Nicodemos, Deci Corpi, Leandson Sampaio, Fiuza Morais e Zé Augusto. Terá ainda a exposição de fotografias de Edvania Ayres, artista de artes visuais formando do IFCE e coordenadora cultural do ESCUTA. Haverá ainda a apresentação do Pastoril do ESCUTA coordenado pela pedagoga Karine Cabral. Coordenação e produção: João Paulo Roque, Edvania Ayres e Leonardo Sampaio. O evento acontece na sede do ESCUTA – Rua Noel Rosa, 150 – Pici.

 

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