TEXTOS e POESIAS

sexta-feira, 24 de julho de 2015

São Francisco de Assis da Entrada da Lua

 

 

 São Francisco de Assis da Entrada da Lua

 I

Francisco é de Assis            
sua Cidade natal
que fica na Itália,
Europa Ocidental
lá viveu e cresceu
e formou seu ideal.

II

Foi um jovem rebelde
vivendo como plebeu
e até soldado de guerra
a profissão exerceu
pra matar o inimigo
em defesa do que é seu.

III

Foi prisioneiro de guerra
e na cadeia ele sofreu
passou muito frio e fome
e na prisão adoeceu
até que foi socorrido
pelo pai que o atendeu. 

 IV

Virou um conquistador
das meninas do lugar
vestia-se todo elegante
pra as mulheres mostrar
sua beleza de jovem
e paquera conquistar.

 V

Com toda a elegância
andava pela estrada
e um mendigo avistou
com a veste estragada,
a sua roupa doou,
bonita e engomada.

 VI

Sentiu-se ali chamado
pelo Espírito Santo
para socorrer os pobres,
vestindo-os com um manto
dando-lhes dignidade
para viver com encanto.

 VII

Foi no armazém do pai
e levou muito tecido,
pegou todo o dinheiro,
com pobres foi dividido,
o pai ficou revoltado
com o filho atrevido.

 VIII

Quis o dinheiro de volta,

os pobres tinham gastado
já não havia mais jeito,
ele foi ameaçado,
de perder sua herança
e ficar sem um trocado.

IX

Ali mesmo no local
todas as vestes tirou
e o pai decepcionado
do lugar se retirou,
Francisco foi acolhido
e até manto ganhou.

 X

Renunciou a riqueza
defendeu a igualdade,
aos pobres, os acolheu,
desfez-se da propriedade,
dividiu com os humildes
com amor e caridade.

XI

A partilha era seu lema,
com muita paz e união
sem ter ódio e discórdia
para haver o perdão
elevando a esperança
por um mundo em comunhão.

 XII

Seu desejo principal,
sua maior intenção,
foi viver o Evangelho
buscando a perfeição
seguindo sua doutrina
com toda dedicação.

 XIII

A fé no Deus verdadeiro
levou a definição,
Mateus com seu Evangelho,
deu maior inspiração,
Jesus Cristo lhe ensina
a buscar a salvação.

 XIV

Em Mateus estar escrito,
“se tu queres ser perfeito,
vende todos os teus bens,
dar aos pobres o direito,
de também ter seu tesouro
para viver do seu jeito”.

 XV

O seu jeito de ser jovem,
e viver a penitência,
praticando a renúncia,
exercendo paciência,
e dando-lhes testemunho,
na prática e vivência .

 XVI

Trabalho e compromisso,
era parte da missão
pra combater a pobreza,
não basta só oração,
tem que ter amor fraterno
de dentro do coração.

 XVII

O trabalho manual
exortou com alegria,
não aceitava dinheiro,
a produção dividia
com os demais camponeses
que com ele convivia. 

XVIII

A espiritualidade
era sua proteção
o Menino Jesus nu,
foi uma provocação
para mostrar humildade
em busca da salvação.

 XVIX

São Francisco foi assim
em toda sua missão,
reconstruir a Igreja
sendo luz com devoção,
e compromisso com Deus,
fazendo transformação. 

XX

Chamou o planeta terra,
de Mãe e lugar comum,
pediu que seja cuidada,
sem deixar fora nenhum,
dos seres da natureza
ele não é qualquer um.

XXI

Sua história voou
pelo, o, mundo afora
Fortaleza, Ceará
é lugar que ele  mora,
bem na Entrada da Lua,
Pici que ele adora.

XXII

São Francisco é do bairro,
bem na Entrada da Lua,
e juntou-se com São Jorge,
no Salão fica na rua,
que promove o seu nome,
com a Capela que é sua. 

XXIII

São Francisco no Pici
é da Entrada da Lua
e disputa com São Jorge
que diz que a Lua é sua,
a Capela São Francisco,
é quase na sua rua. 

XXIV

Com São Francisco da Lua,
vive-se o coletivo
da Igreja sinodal
com movimento ativo
e sendo missionária,
em Jesus o objetivo. 

XXV

Veio com o Irmão Sol
que chegou iluminado
e vendo a Irmã Lua
no Salão muito lotado,
foi buscar outro terreno
até que foi encontrado.

XXVI

Mãe Terra lugar comum,
trouxe estrelas nas mãos
com Irmão Sol, Irmã Lua
adotou aquele chão,
a pedra fundamental,
assegurou o torrão. 

XXVII

Havia um horto lá,
de plantas medicinais,
em que Mulheres do Brilho
da Lua, eram sinais,
o plantio era cuidado,
com projetos sociais. 

XXVIII

Dezenove de setembro
Dois mil e onze o ano,
a pedra fundamental,
consolidou-se o plano
a benção foi celebrada
o nome não houve engano. 

XXVIX

Juntou homens e mulheres
ergueram o monumento,
tornando o chão sagrado
lugar de acolhimento,
de paz e amor fraterno
Francisco é instrumento. 

XXX

O exemplo de Francisco,
revelando humildade
levou ele a vir morar
na nossa Comunidade,
que tanto o acolheu,
com sua simplicidade. 

XXXI

A Capela instalada
o Pici é o local,
rua Major Sucupira,
Fortaleza - Capital
o Ceará é o Estado,
o endereço postal.

 XXXII

O Bairro Pici Católico,
era a Área Pastoral,
Padroeiro Santo Antônio,
São José é do local
também São Domingo Sávio,
Nossa Senhora, afinal.

 XXXIII

Foi a fé em São Francisco
que no Pici são contadas
a história das mulheres
fincando pé nas Estradas
em rumo à Canindé
com promessas alcançadas.

XXXIV

Jesus Cristo é espelho
que nos mostra o caminho
ao lado de São Francisco
a Capela é seu ninho
pra seguir a sua fé
a Lua é o cantinho. 

XXXV

Em Roma temos o Bispo,
que é o Papa Francisco,
chegou botando moral
limpando todo o cisco,
com muita simplicidade
mesmo correndo o risco. 

XXXVI

Esse Papa é verdadeiro
consolidando a fé,
honra o nome do Santo,
das Chagas de Canindé,
ou de Assis na Itália,
também da Lua já é. 

XXXVII

Esse cordel foi pedido,
pela a Coordenação,
que organiza a festa.
ficando em doação
pra ajudar a Capela
fazer arrecadação. 

XXXVIII

Continue essa história
que só tende a crescer
vinda de luta bonita
que veio acontecer
na década de oitenta
defendendo o bem viver. 

XXXIV

Você acaba de ler
não é só coisa passada,
é presente aqui agora
da festa continuada
continue protagonista
entre nessa caminhada.

REVISADO EM 04/10/2023

 

 Leonardo Sampaio é natural de Abaiara – Ceará, Região do Cariri Cearense, onde viveu a adolescência em meio ao aboio poético do vaqueiro, o repente dos violeiros, o canto e a dança do coco, o maneiro-pau, o Reisado de Congo e de Careta, o bendito dos Penitentes e das novenas, as coroações de N. Senhora e as procissões missionárias de fé, com cânticos entoados pelas centenas de fieis que formam a miscigenação abaiarenses entre o sagrado e profano que envolve as raças de origens portuguesa, indígena e africana. Um povo aparentemente igual, porém, com deuses diferentes, o deus dos pobres e outro dos ricos, em que até dentro do espaço geográfico do templo se separam, cada classe em seu lugar, para dialogar com seu divino por meio das orações em que um pede para ter mais e o outro para não morrer de fome. Um tanto quanto vivenciou São Francisco, em Assis, sua terra natal na Itália e fez opção pelo Deus dos pobres. Leonardo em sua trajetória pós-adolescência, já na cidade grande se depara novamente com a disparidade de classes sociais, rica, média, pobres e miseráveis e se questiona sobre o poder de um Deus pai onipotente: Que pai é esse com tanto poder que permite essa desigualdade? A resposta veio na Teologia da Libertação com o ver, julgar e agir dentro de uma Igreja, que faz opção pelos pobres, na perspectiva da igualdade social, espelhada no Cristo Libertador e a vida dos primeiros cristãos. Dessa forma dedica sua vida aos pobres, aos trabalhadores/as e desempregados dentro das favelas e organizações sindicais, comunitárias e Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, lutando pela libertação integral da pessoa humana e o Planeta Terra, nossa Casa Comum atacada pela ganância.


 Homenagem

Devemos reconhecer que essa história não existiria hoje, se não fosse a presença marcante e permanente da educadora popular, missionária, mãe, dona de casa e esposa Lúcia Vasconcelos, que ao longo de todo esse tempo, marcado na história desse livro, tem dedicado sua vida à luta do povo sofrido, que busca a libertação, como diz a canção (Zé Vicente), trazendo esperança, seja: no Horto de Plantas Medicinais, no Salão São Francisco, no ESCUTA, na AMORA,  nas CEBs, no CEBI, no Grupo de Mulheres Brilho da Lua, no Reisado do ESCUTA, no Banquete Literário, nas Redes Feministas, na Rede Cearense de Economia Solidária, se articulando com as Organizações Não governamentais e as políticas publicas nas três esferas de Estado para que ofereçam melhorias na qualidade de vida aos povos das comunidades da Fumaça, Feijão, Entrada Lua, Tancredo Neves, N. Sra. da Saúde Mãe da Libertação e Planalto do Pici. Ela é uma mulher destemida que acredita no Cristo Libertador, em Maria Mãe de Jesus com seu canto, quando diz “derruba do trono os poderosos e eleva os humildes”, e São Francisco com sua simplicidade afastando a ganância e praticando o amor e a paz. Lúcia é essa mulher que está sempre pronta para servir, coordenando tudo isso, ouvindo, reunindo e agindo, por isso essa homenagem coletiva.

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