Este é um instrumento que tem por finalidade divulgar produções literárias, poéticas, culturais e ambientais. Sou educador popular, Pedagogo, Prof. da Rede de Ensino de Fortaleza, escritor, poeta e pesquisador popular. A foto tirei no amanhecer do Sítio Gangorra em Abaiara - Região do Cariri Cearense. Minha terra natal.
TEXTOS e POESIAS
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domingo, 2 de novembro de 2008
VENDE-SE UM AÇUDE
Lendo a memória da escritora Rachel de Queiroz sobre o Sítio Pici, identifiquei em uma foto, ela caminhando sobre a parede do Açude do Sítio, quando ali morou e escreveu o Livro O Quinze.
Aquela foto me surpreendeu e fortaleceu um afeto muito forte em defesa daquela área verde, última da memória histórica do Sítio Pici. Até me emocionei quando lembrei que em 1966 quando cheguei a Fortaleza também caminhei naquela parede do Açude, apesar de estar quebrada um trecho, mas ainda acumulava água e juntava animais naquela paisagem, muito verde, cheia de arvores, fruteiras e mata virgem.
As famílias que moram nessa região desde os anos 40, contam histórias belíssimas sobre a beleza da natureza com águas limpas e cristalinas, onde as mulheres lavavam roupas e as crianças em volta tomavam banho e pescavam como um lazer no convívio de vida entre o ser humano e o meio ambiente.
O Movimento Pró Construção do Parque Rachel de Queiroz, juntamente com o Espaço Cultural Frei Tito de Alencar – ESCUTA realizaram dia 15 de agosto 2008, a Trilha Cultural com o tema: Os caminhos da escritora Rachel de Queiroz no Sítio Pici.
A intenção é despertar a sociedade para a defesa da urbanização dessa última área verde restante no bairro Henrique Jorge, que é exatamente o leito do açude. Os movimentos articuladores da Trilha Cultural defendem que esse verde, seja entregue a comunidade como área de lazer, oferecendo melhor qualidade de vida à população. Na pauta cultural tem também o tombamento da Casa onde a escritora morou, pra que seja transformada em biblioteca pública, como forma de estimulo a leitura.
Bem! Para minha surpresa dia 13/09/08 passava ao lado da Praça da Igreja do Henrique Jorge e avistei uma placa num poste da avenida com os dizeres VENDE-SE e a seta apontando para o “açude”. A indignação de repente se manifesta e falo pra o Jucelino que estava do meu lado. Só falta dizerem “vende-se um açude”. E comentava é mais um desprezo pela preservação da cultura de um povo, de uma cidade. É a ausência da sensibilidade humana e a ganância manifesta de forma predadora da vida. É a indiferença do poder público com a preservação dos mananciais urbanos. Talvez não demore, em um curto espaço de tempo o “açude” será aterrado.
Nesse olhar sobre o desprezo do poder público, na passagem da Trilha, foi observado que nessa mesma área, do outro lado pela Rua Edgar de Arruda com Antônio Ivo tem uma construção obstruindo o canal de concreto feito pela prefeitura. É uma obra de drenagem feita no que já foi um Riacho afluente do açude.
Mas não é só isso, pela Rua Mons. Hipólito Brasil na mesma área verde, já foi aterrada uma parte e construído prédios e apartamentos que estão alugados no único terreno público dessa área.
A história não pára aqui, esse terreno no Henrique Jorge, é parte da área em que a própria Prefeitura de Fortaleza, elaborou o Projeto Parque Rachel de Queiroz, que custou 400 mil reais, pago pela Prefeitura a UECE/IEPRO. É também o Projeto que foi aprovado no Orçamento Participativo de 2005 na SER III. É o projeto que em 2008 foi defendido em Audiência Pública na Câmara de Vereadores e na Assembléia Legislativa. É o projeto que deputados e vereadores se comprometeram em liberar recursos de bancada para dar inicio as obras. É o projeto parte da carta do Grito dos Excluídos de 2008.
Pelo visto, não basta só se indignar, é necessário gritar, ou até acampar exigindo atitudes dos gestores públicos na preservação do verde, a serviço do bem estar e da qualidade de vida dos seus munícipes.
Leonardo Sampaio
Educador
20/09/08
muito legal esse texto. me lembra a peça jogueiros.
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