TEXTOS e POESIAS

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A NEGRA QUE NÃO PODIA SER ANJO

Quilombo Bom Sucesso - Novo Oriente, 09 de outubro de 2010
Leonardo Sampaio


Eu vi na minha terra natal
A garota mais bela do lugar
De corpo lindo e perfeito
Faceira até no andar
Com belos olhos castanhos
Estatura de bom tamanho
Pra todos admirar.
Mas havia grande defeito
Para o povo daquele lugar
Porque tinha pele negra
Não podia se misturar
Com as meninas de cor branca
Nem ao menos coroar a santa
Padroeira do lugar.
Porém, um dia resolveram
A negra, anjo virar
E de branco lhe pintaram
Colocaram-na no altar
Toda bonita e bela
Sem mais cor de canela
Pronta pra coroar
Mas surgiu uma grande duvida
Quem era aquela donzela
E todos queriam saber
De onde ela viera
Com tanta simpatia
Parecendo a virgem Maria
Que atraiu até paquera.
Porém teve um problema
Na hora de coroar
A pele negra aparece
Ao a manga escorregar
E virou um grande alvoroço
Já não tinha mais colosso
A festa continuar.
A revolta foi enorme
Dos homens e da mulherada
Queriam saber quem era a nega
Que foi falsificada
Pra coroar Nossa Senhora
E mandaram-lhe embora
E a anja, desceu desespera.
A confusão foi grande
Pra pegar a nega safada
E saber quem falsificou
Porque isso é molecada
O fuxico correu o mundo
Pra pegar o imundo
Que fez a anja falsificada.
Naquele momento então
O racismo prevaleceu
A menina foi escondida
Porque o povo correu
Para o lado do altar
Querendo a anja crucificar
Do jeito que Jesus morreu.
O preconceito foi tão forte
Que até naquele momento
A fé desapareceu
E até mesmo o intento
Do amor fraterno
Tomou rumo pro inferno
Na garupa do jumento
Essa história é verdadeira
Eu estava lá e presenciei
Foi no município de Abaiara
Que na hora apreciei,
Aquela discriminação,
Na hora da coroação
Da mãe do nosso rei
O racismo tem história
E no cariri tem um canto
No Juazeiro do Norte
Onde uma negra com seu manto
Fez o milagre sagrado
Do sangue na hóstia derramado,
Mas o padre é quem virou Santo.
É mais um exemplo racista
Que acontece com mulher negra
Mas é parte das contradições
Do que a Igreja prega
Que é amor justiça e paz
Mas na prática ela não faz
E até direitos nega.
Mas também uma evangélica
A mim veio dizer
Que negro não pode ser anjo
Perguntei-lhe o que tem a ver
E respondeu-me idôneo
Anjo negro é o demônio.

sábado, 17 de julho de 2010

Periferia em cena com Escambo e Escambito

Fortaleza, 17 de julho de 2010

Leonardo Sampaio

Manifestações da arte e cultura popular brasileira são acolhidas pelo Espaço Cultural Frei Tito de Alencar – ESCUTA no bairro Pici, em Fortaleza, com a apresentação da peça de teatro Jogueiros, que conta a história do bairro no olhar da juventude contemporânea. São cerca de 400 artistas de rua de diversas cidades e estados do Brasil que estão na capital, por meio do Movimento Escambo de Arte e Cultura em sua 26ª edição. O Escambo é um espaço de agregar as diversas linguagens da arte e cultura popular de rua, em uma cidade qualquer e ali simultaneamente várias atrações são apresentadas em ruas e praças e assim, a festa popular acontece com a beleza da arte e da cultura enraizada e resgatada pelo artista que faz rir, faz brincar, traz alegria, conta história e faz poesia.

O Escambo está em Fortaleza por meio de grupos culturais que formam o movimento de rodas de rua com diversas expressões artísticas culturais. São grupos que nascem em projetos de ONGs com foco no resgate da cultura popular e daí surgem os talentos artísticos e arte educadores, como é o caso do ESCUTA que em agosto 2010 completa 20 anos de Semana Cultural e que é realizada através da troca solidária, onde os artistas se encontram se conhecem e conhecem as artes uns dos outros e assim são convidados a visitarem as experiências em suas próprias comunidades, o que leva a formar laços de amizade entre instituições, técnicos e artistas fazendo com que comece uma mobilidade entre os grupos e aí, vem à necessidade de discutir as questões em comuns, razão pela qual surgiu a formação do Movimento Periferia-em-cena que descambou para o Escambo e que hoje faz acontecer durante o ano várias manifestações programadas nos bairros, denominadas de Escambito.

O Escambo acontece em Fortaleza de 15 a 18 de julho de 2010 e é a primeira vez que vem para uma Capital, sendo acolhido durante o dia em diversos bairros e a noite faz a festa acontecer no Pici, onde estão alojados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Adroaldo Teixeira, Escola que também abriga o Maracatu Nação Pici. A escolha do Pici se deu, por ser um bairro com manifestações culturais à flor da rua, com: reisado, maracatu, quadrilha junina, folclore, percussão, pastoril, teatro, musica, capoeira, poesia e um banquete literário. É o bairro que também acolhe a Campus do Pici da UFC, que vive entre muros de olhos fechado para o seu entorno, mesmo assim, os jovens escutam sussurros e pulam pra dentro para provar do saber cientifico e fazer o escambo com o saber popular.

Leonardo Sampaio é pedagogo, poeta, escritor e educador popular.

Serra da Rajada e a africanidade cearense

Caucaia, 01 de Julho de 2010

Leonardo Sampaio

A Serra da Rajada no município de Caucaia vem acolhendo o principal núcleo científico de estudo sobre a africanidade cearense da Universidade Federal do Ceará – UFC. A Serra se caracteriza pelas suas belezas verdejantes e um potencial de árvores frutíferas por onde as águas cristalinas correm livremente constituindo cachoeiras e córregos com piscinas naturais em um solo fértil de vida orgânica com fauna e flora própria de uma natureza viva que acolhe sorridente o afrodecendente que ali reside e aprecia nas manhãs, o serrote da Rajada com seu orvalho umedecendo o ar e nublando o verde com imagens entre nuvens que se misturam aos raios solar do fim de tarde, onde o universo planetário nos traz o luar estrelado nas noites serranas cheia de espiritualidade dos orixás, da mãe terra, do Pai tupã e o Deus que abençoa a vida em comunhão, justiça e fraternidade.

A Serra da Rajada é também marcada pela escravatura, onde os escombros das senzalas e os casarões registram a presença do coronelismo com a cultura do café, que pode ser identificado pelos imensos pilões existentes na Casa Grande. Já a Capela ao lado da Casa simboliza a unidade do escravismo com cristianismo para espantar Exu e Orixás que espiritualizam com oferendas a alma negra africana nas matas do topo da Serra.

Esta Serra calada e escondida nas suas entranhas e belezas precisa ser institucionalizada como Área de Preservação Ambiental – APA, podendo ser tratada também como patrimônio histórico de Caucaia, do Ceará, do Brasil e da humanidade para tornar-se mais um instrumento de bem viver do planeta.

Na busca de dar passos nesse sentido o Governo Municipal de Caucaia, começa a incentivar um turismo científico comunitário, que acontece de 12 a 23 de julho de 2010 com o Curso de História e Cultura das Comunidades Quilombolas e Africanidade promovido pelo Núcleo de Africanidade Cearense – NACE, do Departamento de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC. O Curso tem por objetivo formar professores com especialização em culturas afrodecendente, costumes e religiosidade, para que estes atuem em escolas de comunidades quilombola.

A Educação liberta e transforma.

Leonardo Sampaio é Pedagogo, pesquisador, poeta e Assessor da Secretaria de Governo e Articulação Política de Caucaia

terça-feira, 29 de junho de 2010

Sergipe e Aracaju





Leonardo Sampaio

Sergipe tua beleza
Apreciei nas longas estradas
Em que os céus brilhavam
Entre os raios de sol
E o verde das serras
Por onde pastavam ovelhas e rezes
Com lagos e águias voantes
Com asas brancas
Em meio ao azul e o verde
Por entre nuvens
Encantando os olhares
Com fotos passageiras
Porém marcantes
Em um mundo rural
Onde se vê casas e casebres
Fazendas e assentados
E bandeiras tremulando
Por dignidade e justiça
Pela terra prometida.
Aracaju,
Sentei em tuas areias praianas
Curti o sol,
Vi loiras, morenas e negras
De olhares e sorrisos serenos
Vi as noites encantadoras
Ritmadas com a nordestinidade
De xote, ciranda, côco, xaxado e baião
E o povo dançarolando,
Sem esquecer que o petróleo é nosso
E é no mar onde as luzes
Das plataformas nos faz lembrar,
Das belezas e riquezas daquele lugar.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

CUIDAR É AMAR

O cuidado é cuidar,
Cuidar sem paixão,
Cuidado não é passageiro,
Cuidado é amor,
Cuidar é zelar,
Zelar é carinho,
Carinho é vida,
Vida é história,
História de vida,
Vida é zelo, amor e cainho,
Carinho é gostar,
Gostar do que ama,
Amar com zelo e carinho,
Zelo e carinho é sentimento,
Sentimento vem de dentro,
E faz pulsar o coração,
Coração é o centro,
O centro que pulsa,
Pulsar é descentralizar,
Descentralizar é partilhar,
Partilhar é formar um corpo,
O corpo tem membros,
Membros se interligam,
Interligam em suas funções,
Funções é o fazer com amor, zelo e carinho,
Se um falha o corpo padece,
Padecer é sofrer,
O sofrer com lagrimas,
Lagrimas do desprezo,
Desprezo entristece,
Tristeza traz depressão,
Depressão enfraquece,
Fraqueza traz abandono,
Abandono traz sujeira,
Sujeira afasta,
Afastar é separar,
Separando o coração para,
Se parar não se ESCUTA o pulsar,
Sem pulsar pára a gestão do corpo,
Para ressuscitar precisa pressão no peito,
Que é no peito onde esta o coração,
Somos tocado e pressionado,
Por um lamento coletivo,
Com lágrimas de desprezo e abandono,
Lamento por compromisso,
Por não se escutar mais.

Leonardo Sampaio
23/06/2010

domingo, 23 de maio de 2010

Economia Solidária e agroecologia

O Brasil caminha para a II Conferência de Economia Solidária que acontecerá de 16 a 18 de junho de 2010.
Buscando contribuir com o tema, gostaria de refletir um pouco sobre a economia popular e solidária e/ou socioeconômica que tem como princípio o comércio justo, ético, finança solidária, crédito solidário, moeda social e agroecologia no centro de equilíbrio do desenvolvimento sustentável. A socioeconomia solidária se caracteriza por práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza. É essa a Economia Solidária, que traz em si uma nova prática de produção, comercialização, finanças e consumo que privilegia a autogestão, o desenvolvimento comunitário, a justiça social, o cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade com as gerações futuras.
A socioeconomia solidária gera outro debate no que se refere à agricultura, quando se percebe que não basta só ter a terra, produzir sem agroquímicos, ela é também espaço de resgatar e recriar formas de comercialização coerente com a proposta agroecológica. Daí, a Economia Solidária passa a ser parte fundamental da construção da agroecologia, agregando diversos mecanismos de contraposição de superar a Economia Capitalista do agronegócio, com a organização dos camponeses e camponesas ampliando espaços de feiras agroecológica, como meio de estimular e recriar o resgate da cultura camponesa através de seus princípios, produzindo de forma coletiva a autogestão das suas atividades, resgatando o conhecimento tradicional, através de intercâmbios, organização em Redes de Agroecologia e Economia Solidária, cooperativas, associações, em fim, uma gama de alternativas como forma de resistir e se contrapor a imposição dos mercados capitalista.
Dessa forma a organização da produção a partir da agroecologia e a economia solidária se entrelaçam criando não somente alternativas de produção, mas também outras relações sociais baseadas na organização do trabalho coletivo e autogestionado, com respeito ao trabalho e as relações comerciais e dessa forma cria e recria diversas estratégias para enfrentar o mercado hegemônico, sob o princípio da solidariedade e da democracia para enfrentar os desafios do trabalho rural.
Esse caminho teórico, político, metodológico e prático é o que esta em construção no campo e na cidade envolvendo os produtores e produtoras dos Fóruns de Socioeconômica Solidária estaduais e nacional. Estas organizações são as principais forças produtivas da agricultura no Brasil, como podemos ver em trabalho de Leonardo Boff. “A agricultura familiar no Brasil representa 70% dos alimentos que chegam à mesa. Ela é responsável por 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% dos frangos, 60% dos suínos, 56% dos laticínios, 69% da alface e 75% da cebola”. Estes pequenos agricultores, articulados entre si e também em nível internacional, devem formular as políticas de produção, privilegiar os mercados locais e regionais e manter sob vigilância os mercados mundiais para inibir a especulação e impedir a formação de oligopólios.
A economia solidária no mundo de hoje, é a principal força que se contrapõe a produção mercadológica de acumulação e exploração da humanidade.

Leonardo Sampaio
Educador Popular e gestor em política participativa.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

BANALIZAÇÃO DA VIDA, SEM PRAZER NEM UTOPIA

A segunda guerra foi aqui no Pici.
Como assim?
Ah! Não conhece a história?
Pois onde nós moramos era a Base dos Americanos na segunda guerra mundial.
Eles foram embora e nós ocupamos as terras deles para morar.
Então esse tiroteio aqui deve ser a terceira, quarta, ... sei lá qual é a guerra!
Que guerra?
Sai, sai do meio que lá vem bala ...
Nossa! Mais um tombou.
Foi bem o filho da vizinha, ele ta tão envolvido com droga.
Que nada, foi um otário!
Vagabundo é pra morrer mesmo.
O cara tava muito doido! Drogado.
Vixe!
Escuta aí os fogos!
É a turma lá de cima comemorando.
Foram quatro tiros.
Agora é assim, não sobra ninguém.
Quem descer morre e quem subir morre também.

Meu Deus!
Tão novinho e tão bonitinho!
É! A situação, agora é essa!
Antigamente, os filhos enterravam os pais.
Agora os pais é quem enterram os filhos.
Que coisa triste, essa violência.
Estas drogas vieram para acabar com os jovens!
É verdade!
E os pais são quem sofrem.
Uma hora, é polícia na rua, atrás dos meninos.
Outra hora! São os vagabundos com revolver na mão.
Não temem nem a própria vida.
Eles andam é no meio da rua desafiando todo mundo.
De vez enquanto é tiro pra todo lado.

Hei meu filho!
Nós que moramos aqui no Planalto, temos medo de sair de casa.
E o que faz mais medo são as balas perdidas.
Nós vivemos constantemente aprisionadas/os.
É um bocado de rapazinho
E agora tem até meninas e só andam de magote. Tudo armado!
Ninguém pode nem dizer nada, se não morre!
A situação é tão séria, que têm muitos jovens marcados para morrer.
Todos tão jovenzinhos!
Mas não estão nem aí pra vida, nem deles, nem dos outros.
O que importa é que vivo ou morto, são heróis!

E a Polícia?
Cadê o Ronda?
O Ronda?
Ta na onda!
Onda? Que onda?
Onda Louca!
Onda Louca?
Sim! A lanchonete.
Pode é chamar!
É mesmo que nada!
Oh! Lá é cheio de menininha!
Ah! Entendi!
Por isso que os traficantes deitam e rolam!
Em todo canto aqui, tem boca de droga.
E os traficantes viraram amigo dos “home”!

Essa conversa é o dia a dia da comunidade.
As mães vivem em desespero.
Pra quem apelar?
Parece não haver saída!

Porém! Uma mãe diante do drama de um filho envolvido com gangues, percebe uma luz que brilha aos olhos de outros jovens naquela comunidade. São jovens do ESCUTA* que se manifestam diferentemente. São jovens que estudam, que faz arte, que valorizam a cultura e resolvem dá o grito de alerta. Temos que fazer alguma coisa pra salvar essa turma de meninos que estão se matando e ninguém faz nada. Vamos reunir no ESCUTA, convidar todas as organizações do bairro para discutir uma saída contra essa violência.
E assim foi feito, aconteceu à primeira reunião dia 20/09/09 e lá chegou a mãe desesperada, pediu licença e disse: Hei gente, eu soube que vocês estão reunidos aqui no *ESCUTA pra discutir a questão da violência e das drogas! Eu vim aqui pra vocês me escutar e pedir socorro! É que meu filho está envolvido com droga, ontem mataram um amigo dele e o restante da turma ta toda ameaçada, eu quero tirar meu filho desse meio, pois antes dessas drogas ele era um menino tão bom! Agora não quer me ouvir e eu não sei o que fazer. Seria tão bom ele esta aqui com vocês, fazendo coisas boas como vocês fazem.
Dia 23/09/09 pela manhã, mais um tiroteio, o garoto foi alvejado, não deu tempo fazer nada! A mãe chegou e disse: Faz três dias que pedi socorro lá no Escuta, mas as balas o atingiram, esta hospitalizado, vai ficar paraplégico, ele não merecia isso, porque só fazia vender as pedras para ganhar um dinheirinho pra comer. “O pior é que têm mais jovens marcados para morrer, a polícia faz de conta que não vê e acham é bom quando morre um. Dizem é assim: Menos um vagabundo.
Dias depois aos 18 anos o jovem faleceu no leito do hospital. A luta da mãe agora é o desemprego e duas filhas adolescentes para criar dentro do Planalto do Pici, onde a cada semana morre em média três a quatro jovens, outros são baleados e alguns estão nos presididos. Ao longo de quatro anos, os jovens de maior idade envolvidos com drogas já foram mortos e agora se renova uma safra de usuários que são adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos. Antes a faixa etária de jovens envolvidos com droga era entre 18 e 24 anos, agora são menores de idade andando armados e matando.
No meio de toda essa violência, é estranho que durante tantos anos a população comenta que nunca viu nenhum traficante preso ou assassinado e circulam livremente nas ruas.
Enquanto estava escrevendo essa história por volta de sete horas da noite, ouvi fogos, mais tarde saí na rua e ouvi os comentários: Aqueles fogos foram para anunciar a morte de mais um. Quem morreu agora foi o que deixou o outro paraplégico pela manhã.
Como pedagogo, educador popular, pesquisador, militante engajado e gestor público trago essa conversa localizada e ocorrida no Bairro Pici em Fortaleza, com intuito de provocar através de uma amostra, o quanto a droga associou-se à violência e globalizou-se no mercado de consumo a partir do vicio e a banalização da vida, sem prazer, nem utopia.

Leonardo Sampaio
23/09/09

* ESCUTA – Espaço Cultural Frei Tito de Alencar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Intersetorialidade na gestão pública


Leonardo Sampaio

A intersetorialidade é uma forma moderna de exercer a gestão pública, tendo como objetivo o olhar para as ações no todo do governo. Dessa forma pode-se identificar que é impossível um ponto crítico de lixo, por exemplo, ser visto apenas como uma questão de infraestrutura, já que o ambiente onde ele se localiza relaciona-se com as políticas públicas em diversos setores da administração, como: educação ambiental, geração de renda, saúde publica, limpeza, educação escolar, formação cultural, bem como os próprios geradores do lixo, identificados no comércio, indústria, residências, hospitais e repartições públicas. Intersetorialidade é, no entanto, o esforço de estabelecer um processo de política intersetorial que tem, necessariamente, de lidar com a tensão decorrente do modo pelo qual os atores de diferentes setores, com diferentes visões sobre um mesmo problema, se relacionam.

Na política de intersetorialidade os gestores passam a ter uma visão sistêmica de como a máquina administrativa do governo esta funcionando, para poder dar resposta a sociedade da maneira como ela cobra e entende o governo. Para a sociedade o governo não pode ser uma coisa particularizada, nem departamentalizada do ponto de vista das práticas e das ações governamentais. Essa é a razão pela qual o governo necessariamente precisa trabalhar a interdisciplinaridade, para alcançar a intersetorialidade e otimizar a gestão com ações conjuntas e contínuas entre os órgãos.

Neste sentido, o Gestor precisa anular a dicotomia interdisciplinar de gerenciamento de órgãos de forma particularizada, partidária e fechada a interesses individuais, já que a forma moderna de gestão pública obrigatoriamente necessita de visão sistêmica do funcionamento da máquina administrativa, para que ela se relacione com as necessidades do município e ofereça qualidade nos serviços e melhoria de vida à população como detentora dos direitos constitucionais e repassadora dos impostos que sustentam todos os serviços públicos. Portanto, as ações governamentais devem sempre buscar a excelência, exercitando suas práticas de intersetorialidade e catalogando resultados realizados com o fazer conjunto em cada Secretaria, órgãos e autarquias, como complementação desenvolvida de forma compartilhada e execução coletiva. “Os diferentes setores de governo e sociedade têm metas e interesses específicos e atuam em função de realizá-los. No entanto, alguns objetivos públicos transcendem os campos de atuação especializados e exigem ações integradas” – (Luciene Burlandy).

Esse modelo de gestão tem mostrado que é o caminho mais viável e seguro de fazer política pública com responsabilidade e eficácia, pois permite construir redes intersetoriais, se articulando com o conjunto de organizações governamentais estaduais e federais, não governamentais formais e informais, para assegurar atendimento integral às necessidades dos diversos segmentos da sociedade, além de facilitar às pessoas acompanhar a gestão participativa com seu olhar crítico, às vezes de satisfação em ter acertado na escolha, outras vezes com sentimentos da incompletude no olhar do todo, devido à ausência de informações ou conhecimentos.

Leonardo Sampaio é pedagogo e assessor em políticas públicas.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Etnias e outra economia

JORNAL O POVO
Artigo
Leonardo Sampaio
19 Fev 2010
“Economia e vida” é o tema da Campanha da Fraternidade que busca “colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, com consciência ambiental, sustentabilidade, dignidade da pessoa e o respeito aos direitos humanos”, segundo o Texto Base.
A economia vista como ciência, deve ser integralmente voltada para o bem comum, onde o Ser seja o centro e que Ele próprio domine a economia e não a economia o domine por meio do mercado, com o único objetivo que é o lucro, considerado também o deus adorável do capitalismo.
Vendo a economia pelo prisma da solidariedade, nas comunidades onde vivem os povos de etnias, é visível perceber a exclusão destes do mercado de trabalho e consumo na forma capitalista. Porém, é importante compreender que nestas comunidades formadas por etnias, a economia é dirigida para a satisfação das necessidades humanas sem ganância nem egoísmo. Lá é onde se pratica a partilha do que se tem, de forma solidaria. São pessoas de fé, que seguem à risca “a vida dos primeiros cristãos” (Atos 14), de seus orixás, da Mãe Terra e o pai Tupã, ou seja, todos são iguais nos olhares de suas espiritualidades. Faltando-lhes apenas as oportunidades que não lhes foram dadas desde a saída das senzalas e ocas.
Precisa-se ter muito cuidado ao abordá-los com projetos achando que o povo humilde tem que se adaptar ao mercado capitalista de produção e consumo, o que tem feito muitos técnicos, ONGs e governos nestas comunidades. São projetos que quase sempre não tem dado certo e os protagonistas saem culpando o povo de incompetente, onde a incompetência é de quem impôs um modelo econômico incompatível com a cultura local. As pessoas ali querem apenas o lugar para morar, trabalhar e viver com dignidade, utilizando apenas aquilo que a terra lhes oferece para viver.
O que é necessário fazer é ajudá-los a aperfeiçoar as tecnologias para melhorar a produção e agregar valores aos produtos a partir das matérias primas existentes nestas comunidades como é o caso de Caucaia, que dispõem de um potencial enorme de coisas possíveis de gerar trabalho e renda nas comunidades quilombolas, utilizando a própria natureza das Serras com vegetação verde que pode ser transformado em área de turismo comunitário, cultural e ecológico criando trilhas na floresta. Essa ação pode desenvolver uma cadeia produtiva sustentável desde a formação e capacitação de guias turísticos com crianças e jovens da própria comunidade, assim como motivar a produção de artesanato da palha de banana, da carnaúba e sementes construindo mercadorias utilitárias de fácil comercialização. A diversidade de frutas produzidas nestas comunidades é também uma coisa extraordinária, se lá mesmo é feito o beneficiamento, já podem vender diretamente para o mercado, livrando-se do atravessador que é quem mais ganha com a produção. Até mesmo o animal pode ser fonte de renda para passeios pelas estradas e Serras, o que é feito hoje nas praias de forma inadequada. Outra fonte que deve ser estimulada é resgatar a cultura que está adormecida e precisa ser revitalizada compreendendo que a arte é saúde e qualidade de vida em todos os recantos da humanidade. Por meio da arte e da cultura se trabalha o artesanato, a musicalidade a dança afro-brasileira e indígena. Nessa cadeia produtiva pode-se criar ainda, centros de alimentação da culinária afro e indígena de produtos da terra, incentivando inclusive a produção agrícola voltada para o abastecimento local.
São investimentos econômicos com expressões culturais possíveis de serem feitos a curto, médio e longo prazo. São investimentos que iram mostrar as belezas das Serras e do Sertão mudando radicalmente a qualidade de vida das pessoas destas comunidades e ainda criando divisas de raízes culturais de Caucaia com o mundo.
É fundamental para Caucaia avançar em políticas culturais de raiz e o Governo do Dr. Washington tem demonstrado sensibilidade neste sentido quando na Secretaria de Assistência Social é formado o Setor da Igualdade Racial, seguindo o Governo Lula que criou o Ministério da Igualdade Racial e na Secretaria de Articulação Política foi criado os Territórios Indígenas e Quilombola com a contração de três Agentes Territoriais destas etnias.
As etnias são formadas por pessoas simples, que mesmo tendo suas culturas próprias, são bombardeadas por outras culturas que nunca iram se adequar ao mundo delas. Por isso a razão de iniciar um processo de construção de políticas públicas sustentáveis na área da geração de trabalho e renda a partir de uma visão comunitária e as práticas da economia popular e solidária formando e capacitando pessoas no viés da produção coletiva e familiar.
O papel do Estado e dos Municípios nestes investimentos é apenas favorecer a estas comunidades, tecnologias adequadas para a vida no semi-árido a partir de suas raízes culturais locais com capacidade de atrair um turismo diferenciado, que gosta das artes, das trilhas ecológicas e gastronomia natural sem produtos agrotóxicos.
Que a Campanha da Fraternidade nesse ano de 2010, possibilite novos conceitos de economia que nasçam nos projetos, trazendo a discussão: Etnias com outra economia é possível.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Particularidades étnicas em Caucaia

Caucaia tem uma particularidade no que se refere a etnias, tendo em vista os povos indígenas, negros e ciganos que formam uma miscigenação de raças que se diluem nos territórios entre descendências européias e o próprio europeu nas áreas turísticas.
No contato com as pessoas percebe-se que as culturas, a religiosidade e os costumes destes povos permanecem enraizados na alma negra e indígena por meio do sangue ancestral derramado nas senzalas e tribos ao longo dos tempos. Como prova basta saborear o tempero da gastronomia saída das cozinhas das mães preta e pais João, capoeira, maracatus, cantigas de rodas, artesanato, a produção agrícola e os terreiros.
O ambiente em que vivem no município revela o apartheid existente desde os séculos passados. As relações trazem o preconceito e a discriminação, o que os faz negarem sua raça, na tentativa de tornarem-se iguais. No entanto permanecem nas serras, sertões, cercados e favelas inibidos culturalmente de cultuar sua arte e a própria espiritualidade de suas origens africanas com os seus orixás. Assim como acontece com os povos indígenas que tiveram de negar a mãe terra com sua beleza natural e o pai tupã. Enquanto os brancos trazem a imagem de um só Deus e os obriga a adorar em nome da salvação eterna. Apresentam um homem bonito, elegante, que veio lá do céu, por entre as belezas das nuvens carregadas de água e vida. A mãe é uma mulher branca bonita, mística, simples, capaz de fazer-se presente em todas as culturas do universo, simbolizado por um pai onipotente, poderoso, rígido, porém amoroso aos que lhe seguem.
Desde a colonização quando os negros foram trazidos da África como mão-de-obra escrava para o Brasil, que seus valores, cultura, religião, suas heranças africanas foram 'arrancados'. A orientação oficial da igreja que justificava a escravidão naquela época era de que os negros não tinham alma e nem religião, portanto, podiam ser desrespeitados e escravizados. Assim, o negro teve que abrir mão de tudo que acreditava para enfrentar uma realidade de perseguição.
A primeira reação dos negros contra a intolerância religiosa foi uma estratégia de resistência conhecida como sincretismo religioso, ou seja, o africano escondeu a prática de seus valores religiosos por meio da prática da religião do seu dominador, só assim podia cultuar seus orixás, os comparando aos santos cultuados pelos portugueses. Surgindo aí o candomblé e a umbanda no Brasil como forma de resistência dos cultos afros, que continuaram sendo historicamente perseguidos e só obtiveram direitos adquiridos, assim como outras manifestações religiosas no Brasil, a partir da Constituição de 1988. (Fundação Cultural Palmares).
Todas as revelações ditas de Caucaia são resultados de um Brasil invadido, dominado, subjugado aos interesses econômicos de potencias ricas, que tentam impor suas culturas a outros povos, apenas pelo viés do interesse econômico, negando a vida, direitos, costumes, culturas e considerando-as sub-raças.
Esse modo de ver, de ser e de fazer destas potencias dominantes, se instalam dentro dos municípios brasileiros com as mesmas práticas discriminatórias e de exploração. Se levarmos em conta o município de Caucaia como exemplo, vamos encontrar as comunidades negras ou quilombolas, nos topos das serras, do sertão seco e até cercada literalmente como forma de resistência à especulação de “grileiros”, como são ditas nas histórias contadas pelos ancestrais, revelando que suas terras eram extensas como áreas de quilombos das sete comunidades negras que se localizam dentro do município: Serra da Rajada, Serra do Juá, Serra da Conceição, Porteiras, Cercadão, Boqueirão dos Cunhas e Camará.
Hoje no Brasil há políticas diferenciadas para estas áreas. O Governo Lula criou o Ministério da Igualdade Racial e Leis que beneficiam a raça negra. Como forma de reconhecimento da existência destas comunidades em Caucaia, o Governo Municipal na gestão do Dr. Washington Góis, por meio da Secretaria de Articulação Política criou Territórios de áreas geográficas e Territórios das etnias, entre eles o Território Quilombola para tratar das políticas públicas específicas asseguradas na legislação brasileira aos povos negros e quilombolas, bem como às 80 Comunidades Religiosas afro-brasileiras, sendo 15 de Candomblé e 65 de Umbanda já identificadas no município. "A essência das religiões de matriz africana é o culto à natureza, seus elementos, sua sabedoria. Cada orixá representa um elemento da natureza - fogo, água, terra e ar. Infelizmente, por falta de conhecimento de muitas pessoas há a intolerância religiosa. O sincretismo religioso, que teve que ser adotado pelos africanos que não podiam manifestar sua fé, fez uma associação errada dos orixás, como por exemplo associar Exu ao Diabo e não existe o culto ao diabo nas religiões de matriz africana", Afrobrasileiro, Maurício Reis, Diretor de Proteção ao Patrimônio.
Em 2009 algumas ações que foram realizadas no Território Quilombola, como:
Visitas às Comunidades Negras para apresentar o Território Quilombola e o Setor da Igualdade Racial do Governo Municipal;
• Entrevistas com as pessoas mais idosas para conhecer e registrar a história destas Comunidades;
• Reuniões para discutir os direitos das comunidades negras e quilombolas assegurados na constituição brasileira;
• I Conferência Municipal sobre a Igualdade Racial no Município;
• Cadastro dos Terreiros existentes no município;
• Comemoração com shows no dia da Consciência Negra – 20 de novembro;
• Reuniões com Federações e Movimentos Negro do Estado Ceará;
• Encaminhamentos dos Cadastros de Terreiros para o Ministério da Igualdade Racial;
Em 2010 ações em andamento articuladas com as políticas públicas de programas do Governo Federal.
• Reunião com o Programa Mova Brasil da Petrobrás para implementar alfabetização de jovens e adultos nas comunidades quilombolas de Caucaia;
• Reunião com a Rede de Educação Cidadã – RECID Ceará e Rede Talher Nacional – TN para programar Oficinas de Educação Popular e Cidadania nas Comunidades Quilombolas em Caucaia;
• Reunião com Núcleo de Africanidade Cearense – NACE da Universidade Federal do Ceará para incluir professores de Caucaia no Curso de Formação de Professores de Comunidades Quilombolas;
• Encontro de Planejamento da RECID / TN com a participação do Território Quilombola para planejar as Oficinas nas Comunidades;
• Reunião do Programa Mova Brasil com Sec. de Educação e Articulação Política para organizar 10 núcleos de alfabetização nas comunidades Quilombolas;
• Reunião com UFC/NACE para apresentar à Sec. de Educação do Município o Projeto de Formação de Professores nas Comunidades Quilombolas oferecendo 15 vagas para professores fazerem o curso. (A Lei Federal 10639 / 2003 assegura a implantação de educação diferenciada nas escolas de comunidades negras e capacitação em arte e cultural negra);
• Realização de Oficinas nas comunidades negras com vídeos e palestras discutindo o que é Quilombo para sensibilizar sobre o reconhecimento pessoal e coletivo como quilombola;
• A estrada da Serra do Juá esta sendo toda feita em calçamento para facilitar o Turismo ecológico e cultural com trilhas em cima da Serra. – Essa programação já se encontra no Folder da Sec. Turismo. (Comunidade Quilombola)
Pode-se afirmar que o Governo Municipal de Caucaia é hoje uma marca na história dos municípios, tirando a máscara do preconceito e do racismo existente no Ceará, quando se dizia que não tem índio nem negro. O Dr. Washington Góis teve a hombridade de Gestor Público trazendo as políticas públicas especificas das etnias e raças, criando a Coordenadoria de Assuntos Indígenas ligada diretamente ao seu Gabinete e nomeando um Articulador Territorial Indígena e outro Articulador Territorial Quilombola na Secretaria de Articulação Política para tratar das políticas de etnias asseguradas na legislação brasileira.
Dessa forma é que se faz a história dos negros, como foi feita a resistência de Zumbi dos Palmares contra a escravidão, formando Comunidades Quilombolas, Dragão do Mar no Ceará com o levante de não aceitar desembarcar escravos no porto e em Redenção a libertação dos primeiros escravos no Brasil.
Sabemos que isso ainda é pouco, mas são passos de avanços que fortalecem o movimento negro em Caucaia, no Ceará e no país assegurando direitos e a luta por igualdade racial.

Leonardo Sampaio
Educador Popular

sábado, 2 de janeiro de 2010

Casa da Rachel de Queiroz


Jornal O Povo
Artigo

Leonardo Sampaio
02 Jan 2010 - 01h34min

A Casa da Rachel de Queiroz é um patrimônio do povo, foi tombada em 22 de outubro de 2009 ``Decreto Nº 12.582/2009`` pela Prefeita Luiziane Lins, marcando uma história de luta contínuas da comunidade fortalezense desde 1983, quando se iniciou um processo de peregrinação passando por todos os prefeitos desta cidade durante todo esse período.

O Sítio Pici foi adquirido por Daniel de Queiroz, pai da escritora, em 1927 e ali a Rachel escreveu seus primeiros textos, como o poema ``Telha de Vidro``, o Folhetim ``A história de um nome``, o romance ``O quinze`` e ``João Miguel``. (Acioli & Casa do Benjamim).

São tantas as histórias que ouvi contadas pelas pessoas do Bairro Daniel de Queiroz (Decreto 1969) (Jóquei Clube) que conheceram a família da Rachel. Conversei com lavadeira de roupa, engomadeira, senhoras que na época eram criança e brincavam lá, tomava banho no açude, outras que pescavam, tiravam frutas, até um senhor que montava a charrete que a jovem Rachel ia para escola e passeava pelas ruas e estradas do bairro e até eu, que nos anos 60, entrava pela cancela, onde em cima havia um arco com o nome: Sítio Pici, ali ia caçar de espingarda e comer frutas junto com um amigo mais antigo no bairro que conhecia os caseiros dos Sítios. Eram muitos ao lado, tinham uns com nomes interessantes: Sítio do Papai, outro era Sítio da Vovó, outro Sítio do Papai do Céu, todos com vacarias e criação de outros animais de pequeno porte. Era uma região em que o rural misturava-se com o urbano, numa harmonia perfeita para os migrantes do Sertão.

Hoje, sem mais essa harmonia, nos resta conviver na selva de pedra e defender o pouco que ainda sobra de patrimônio histórico que é a Casa da Rachel de Queiroz e o único verde do entorno, como a APA - Área de Proteção Ambiental do Riacho Cachoeirinha e o Açude que fazem parte do contexto dos Sítios. Riacho onde as mulheres lavavam roupas, nas águas cristalinas das cacimbinhas que se formavam na margem.

Nessa área verde que resta, mais a Casa, defendemos que sejam transformadas em ponto de turismo com implantação de biblioteca infantil, com objetivo de incentivar a leitura, tendo como exemplo a própria Rachel e que o entorno da Casa seja preservado com urbanização adequada para lazer.


LEONARDO SAMPAIO
Educador, poeta e escritor
leonardosampaio5@yahoo.com.br