sábado, 17 de setembro de 2016

Política, corrupção e o eleitor



Leonardo Sampaio

Virou modismo no Brasil, se falar em corrupção e atribuir ao governo Lula e Dilma de serem os inventores do tal descalabro na gestão pública. No entanto, já era comum se dizer que todo político é ladrão. Essa é uma acusação que se dá, devido as práticas visíveis nos superfaturamentos de obras e serviços executados pelas prefeituras, e pelo fato de o município ser a primeira instância de poder público mais próxima da sociedade, fica fácil das pessoas perceberem as ilicitudes, como: as riquezas dos gestores incompatíveis com os salários, o dinheiro fácil circulando na compra de votos, tanto nas esferas do executivo, como no legislativo.
Diante disso, o que acontece com o eleitor/a sobre esse dinheiro fácil no município? Na verdade, pouco importa ao eleitor/a, a origem dele. Isso porque, esse dinheiro vira uma moeda de negócio que envolve várias pessoas e de alguma forma parte dessa moeda é distribuída entre eleitores/as, muitas vezes sem chegar no bolso das pessoas, por ser transformada em favores e é esse favor que vira voto fiel, como agradecimento.
 Esse voto, talvez seja o mais complicado, porque ele parte de uma necessidade simples e dele nasce o político ladrão. E esse eleitor não se acha culpado por isso, ele  é um tipo de eleitor, que não interessa as consequências do voto, o importante para ele, é ser honesto com quem lhe serviu na hora precisa. O grave na atitude desse eleitor/a, é quando a pessoa a quem ele/a deve o favor, não é próprio político em que ele/a vai votar, mas sim, o atravessador, o negociante dos votos, o chamado cabo eleitoral, e nesse caso esse tipo de eleitor do favor, vota em quem ele indicar.
Esses casos acontecem muitas vezes sem que o eleitor nunca tenha nem visto o político em quem votou. Este, é um dos caminhos traçados pelos corruptos na caça dos votos, porque ele sabe que envolve as famílias e que um favor, geram vários votos seguros. Tem político que tira vários votos em um município sem nunca ter ido lá, simplesmente porque fez favor a alguém que tem famílias e amigos. São os eleitores que votam sem medir consequências. É o chamado analfabeto político.
Além destes votantes, há inúmeros perfis de eleitores, uns despolitizados, outros corruptos, alguns ingênuos e esses são os eleitores/as que elegem a corja de bandidos para os poderes executivos, legislativos e ainda influenciarem  na formação do judiciário, colocando seus pares ideológicos para particularizar os poderes públicos, como ocorre no Brasil de hoje.
Dessa forma, podemos até entender que é da inocência de pessoas e da maldade de outras, que a elite se elege e constitui o pior Congresso brasileiro de todos os tempos, o mais conservador, o mais corrupto, o mais despolitizado, o de maior número de empresários, de fundamentalista, ruralista, banqueiro, lobista, sindicalista pelego. Todos  financiados por grupos econômicos.
Nesse contexto é que foi formado o perfil da maioria do parlamento eleito em 2014 com o propósito de numa campanha já montada e articulada para a ofensiva estratégica de desmantelar o projeto desenvolvimentista em curso no país desde 2003, o projeto liderado pelo PT que elevou a qualidade de vida dos pobres e desarticulou o modelo econômico internacional sanguessuga das riquezas do Brasil, sob o comando do mercado Norte-americano e Europeu. O projeto que abriu novas fronteiras para outros continentes, antes isolados do país e que assim passou a promover riquezas divisas, soberania e auto estima da sociedade brasileira.
 Com esse projeto o Brasil se inseriu na formação do BRICS para formar uma economia independente, sem amarras do Euro e o Dólar. Foi essa política que incomodou a política e o grande empresariado americano com interesses na privatização neoliberal, para levarem o petróleo e outros produtos brasileiros rumo ao capital estrangeiro.
E o eleitor i que tem haver com isso? Essa é uma discussão que pouco importa para o eleitor que está lá nos municípios vivendo nos sertões, nos grotões, nas favelas, na periferia, nos campos, nas parafinas e ribeirinhos entregues à própria sorte. Para esses, qualquer favor lhe agrada e serão gratos com o único poder que tem, o voto. O que ainda lhes libertam, são os benefícios das políticas públicas compensatórias, mas quando a inflação corrói o pouco que tem, não dá para compreender que é uma crise do capitalismo internacional e que a mídia mente para influenciar no seu voto.
No entanto, é necessário perceber que todo e qualquer eleitor é municipalista, seja do campo ou da cidade, é lá onde ele mora, vive e convive com as outras pessoas, faz a política de vizinhança, percebe o que está em sua volta, arranja emprego, compra produtos, encontra a espiritualidade, constitui família, vota e elege os representantes, para gerenciar seus impostos e legislar normas de controle e fiscalização do funcionamento dos bens patrimoniais públicos e de desenvolvimento local. Então, a responsabilidade do eleitor com o seu próprio futuro e dos outros é de muita importância no momento de votar. Se existe corrupto, a responsabilidade é do eleitor em seu município, porque lá que se elege.
De Abaiara a Fortaleza não há nenhuma diferença, porque o analfabeto político sempre está presente, e é como ele que o corrupto se elege, comprando votos da pobreza com pagamento de receitas, prestações, óculos, dentaduras, tijolo e os dois o que compra e o que vende são corruptos do mesmo jeito.
Se houvesse consciência de classe, nenhum empresário se elegeria, ou até mesmo seus aliados.